OCDE não acredita em metas de défice
Organização aponta para valores do défice de 6,4% e 5,6% em 2013 e 2014, mas defende que se deve deixar as contas derrapar se economia afundar mais do que o previsto.
O Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) considera "improváveis" as metas orçamentais portuguesas para 2013 e 2014. No Economic Outlook de Primavera divulgado hoje em Paris, a instituição apresenta sérias dúvidas sobre a capacidade de Portugal atingir os novos tetos acordados com a troika - 5,5% do PIB este ano e 4% em 2014 - e aponta para valores de 6,4% e 5,6%, respetivamente.
Este enorme desvio nas contas públicas é explicado, segundo a OCDE, pela deterioração da situação económica e também pelo chumbo do Tribunal Constitucional que invalidou medidas no valor de 0,8% do PIB este ano. O relatório refere, contudo, que apesar da derrapagem prevista nas contas "deverá permitir-se que o défice orçamental se desvie das metas se o crescimento for inferior ao esperado, para evitar um efeito de feedback em espiral entre as condições macroeconómicas e os objetivos orçamentais".
A organização apresenta um cenário macroeconómico bastante mais desfavorável do que o esperado pelo Governo e pela troika na sétima avaliação do memorando. Para este ano, aponta uma queda do PIB de 2,7% e, para 2014, espera um crescimento de 0,2%. Estes dados contrastam com as estimativas 'oficiais' de, respetivamente, -2,3% e 0,6%.
Dívida pública preocupante
Uma das projeções mais preocupantes do documento é para a dívida pública, que nas novas estimativas poderá atingir 132,1% em 2014. Um valor claramente acima do limiar de 120% que tem servido de referência na análise de sustentabilidade da dívida dos países intervencionados na zona euro.
Para este ano, o valor estimado é de 127,7% do PIB, bem acima do esperado pela troika e pelo Governo. Por: João Silvestre/Expresso
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