sábado, 18 de maio de 2013

Recessão Dois anos de Troika

Dois anos de troika. Promessas falsas e sacrifícios acima do esperado

O Memorando assinado com a troika foi vendido aos portugueses com a promessa de uma recuperação a curto prazo a servir de cenoura. Dois anos depois, o fracasso é evidente
“Os ministros das Finanças da zona euro congratulam-se com o apoio expresso pelos partidos da oposição e apelam a todos os partidos políticos para que garantam uma implementação rigorosa e
rápida do programa.” A 16 de Maio de 2011 o Eurogrupo aprova o pacote de ajuda de 78 mil milhões a Portugal e aplaude a postura dos partidos então na oposição – e hoje no governo. Governo e oposição comprometem o país a chegar ao final de 2013 com um défice de 3%, uma dívida de 108,6% e já com a economia em expansão, de 1,2%.

Dois dias. Este foi o tempo que demorou até chegar o primeiro sinal que o optimismo nas previsões não ia correr bem. 18 de Maio de 2011:o Instituto Nacional deEstatística divulga que Portugal tem afinal 689 mil desempregados em Março de 2011, mais 71 mil que em Dezembro de 2010. Este salto deveu-se tanto às mudanças no método de contabilização do INE, como à deterioração significativa da economia portuguesa no início de 2011. “Para os observadores do mercado de emprego estes dois efeitos desactualizam por completo a previsão do governo de 13% para o desemprego em 2013”, noticiava então o i. Longe estava o país de imaginar as derrapagens que se seguiriam, suficientes para destruir os pressupostos sobre os quais o ajustamento português foi pensado.

Défice O acordo da troika com PSD, PS e CDS dizia que entre 2012 e 2014 Portugal acumularia um
défice de 9,8% – com 4,5% em 2012, 3% em 2013 e 2,3% em 2014. Agora, as mais recentes previsões daCE apontam para um défice acumulado nestes três anos de 14,4%. A diferença, de 4,6 pontos percentuais, traduzida em euros, significa uma derrapagem de mais 7,6 mil milhões de euros de défice acumulado face ao desenho inicial do ajustamento português, valor que foi ajudar na engorda da dívida.                                                                           

Dívida Pública A derrapagem no défice, graças ao congelamento quase completo da actividade económica em Portugal, foi então uma das razões para que as metas definidas para a dívida também tenham derrapado, mas não foi a única.
O acordo inicial previa que este ano a dívida portuguesa chegaria ao seu máximo: 108,6% – perto de
184,6 mil milhões de euros. Porém, a evolução da crise, a deterioração da economia, das contas e das empresas
tornou este objectivo risível. A última previsão daComissão Europeia para este ano
aponta para uma dívida de 123% do PIB – 202 mil milhões de euros. São mais 17,5 mil milhões de euros que o previsto, uma derrapagem que equivale a 10,5% do PIBcom que Portugal chegará ao final deste ano. A derrapagem, contudo, não fica por aqui, já que a dívida deve continuar a crescer nos próximos anos, ao contrário do antecipado há dois anos.

Consumo privado Era o alvo a abater pelas autoridades internacionais e nacionais:os portugueses vivem acima das possibilidades, logo, acabe-se com isso. Pior a emenda que o soneto:a austeridade devia fazer com que o consumo privado recuasse 5,1% de forma acumulada entre 2012 e 2013, mas a realidade e o “ir além da troika” acabou por provocar um recuo que já vai em 8,9%, contando com a quebra de 3,3% este ano, sendo esta a maior das causas da explosão do desemprego nos últimos anos.

Desemprego Imagine cinco Estádios da Luz cheios. As cerca de 312 mil pessoas que enchem esses cinco recintos são aquelas que perderam o emprego em Portugal nos últimos dois anos e que, segundo a troika, não o iam perder. A austeridade, o congelamento do consumo e o intensificar da crise levaram a uma explosão do desemprego no país. Em meados de 2011 previa-se uma taxa de 12,4% de desemprego para este ano. Já as mais recentes previsões evidenciam que a taxa será no mínimo de 18,2%, ou seja: em vez de 668 mil desempregados, há 980 mil. São mais 47%.

Exportações Era o trunfo na manga. A teoria para a recuperação portuguesa apostava em duas vias:esmagamento do rendimento para reduzir as importações e fazer explodir as exportações. A parte fácil até foi feita, com cortes salariais e o custo de vida a aumentar de tal forma que os portugueses deixaram de consumir. Agora, o difícil continua por fazer:o programa assenta a recuperação económica do país à boleia do crescimento das exportações, que deveria ser de 5,9% em 2012 e mais 6,5% este ano. Os números mais recentes mostram, contudo, que as exportações só irão crescer 3,3% e 0,9%, em 2012 e 2013.

PIB A acumulação de derrapagens e dos efeitos secundários das mesmas, fez com que a evolução da economia portuguesa fosse no sentido oposto ao previsto no Memorando. Na teoria, seria já este ano que o crescimento regressava, com o PIB a expandir 1,2% em 2013, depois de uma contracção de 1,8% em 2012:os dois anos somados resultariam assim num recuo de apenas 0,6% do PIB. Os factos mostram um cenário bem mais negro:em 2012 e 2013 o PIB irá recuar 5,5%.

Por Filipe Paiva Cardoso/I 18 Maio 2013 -

Natalidade em Portugal desce para os níveis de 1900, economia para os níveis de 200 a.C.

Por Vítor Elias


A natalidade em Portugal desceu para os níveis de 1900.
Ao que o IP apurou, esta quebra acentuada aconteceu porque a economia nacional já está nos níveis de 200 a.C., quando os antepassados dos lusitanos vendiam três borregos e duas cabras por mês aos fenícios, sendo que os directos sociais desceram vertiginosamente aos níveis de 20 000 a.C., quando os idosos e os mais fracos eram atirados  de ribanceiras, levavam com uma moca na cabeça ou, no caso das mulheres, eram puxadas pelos cabelos para as cavernas. Pires de Lima, porém, garante que as empresas estão a fazer o milagre de nos puxarem para 1348, o ano da Peste Negra. VE  

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Quinta-feira à noite, na “Quadratura do Círculo”, da SIC Notícias, António Lobo Xavier, homem próximo de Paulo Portas e nomeado pelo governo para elaborar a reforma do IRC, veio dizer que afinal a narrativa de Sócrates sobre o chumbo do PEC IV e o pedido de resgate é verdadeira: “A entrada da troika em Portugal resultou da pressão exercida pelo PSD e pelo CDS-PP.” A chanceler Angela Merkel “não queria uma intervenção concertada, regulada, com um Memorando." 





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