Quase dois anos depois de ter tomado posse, é já possível listar quais foram os seis erros mais graves deste Governo, que o fizeram perder muita credibilidade e legitimidade aos olhos dos portugueses. Aqui vai a lista:
1 - Desvio estratégico em relação ao memorando original assinado com a "troika".
Como ontem aqui escrevi, as principais medidas emblemáticas deste Governo (sobretaxa de IRS, corte nos subsídios dos funcionários públicos e pensionista, tentativa de mudar a TSU, e aumento enorme de IRS) não estavam escritas no memorando original assinado entre Portugal e a "troika" em Maio de 2011. Na ânsia de despachar o ajustamento, o Governo decidiu medidas de austeridade muito mais graves e profundas do que aquelas que estavam acordadas. Com isso, agravou brutalmente a recessão e o desemprego subiu para valores altíssimos. A estratégia da austeridade "dura e rápida", cuja responsabilidade é de Vítor Gaspar, falhou rotundamente.
2 - Falta de equidade nos sacrifícios.
Ao decidir cortar os subsídios de férias e Natal para funcionários públicos e pensionistas, deixando os trabalhadores do sector privado de fora, o Governo dividiu os portugueses, passando a existir portugueses de primeira, que não se sacrificavam tanto, e portugueses de segunda, que suportavam mais sacrifícios. Isso foi um erro grave, de equidade e de moral, além de ter sido uma ilegalidade jurídica, como muito bem o Tribunal Constitucional veio dizer, proibindo a solução para 2013. Mas, o mal estava feito.
3 - Incapacidade para cortar na despesa permanente do Estado
Desde o Verão de 2011 que o Governo decidiu que, em vez de cortar na despesa estrutural do Estado, como estava previsto no memorando original, era mais fácil sobrecarregar o país com impostos, ou então retirar subsídios a certos grupos de pessoas (funcionários públicos e pensionistas). Com isso, demonstrou a sua incapacidade total para perceber a raiz do problema, e preferiu as soluções mais fáceis e rápidas. Como se viu, gerou um problema ainda maior e não conseguiu resolver o problema original.
4 - Desprezo pelo consenso político e social
Em Maio de 2011, quando o memorando original foi assinado, existia um amplo consenso político e social em Portugal, que permitia ao Governo contar com o apoio do PS e dos parceiros sociais. No entanto, durante quase um ano e meio, Passos Coelho desprezou o PS e os parceiros sociais, nunca os tratando com o respeito que eles mereciam. Evidentemente, com o tempo a passar, e sentindo a hostilidade permanente do Governo, tanto o PS como os parceiros sociais se foram afastando, e o consenso nacional necessário rompeu-se. Foi a arrogância do Governo que criou esta situação, o que foi um erro grave.
5 - Colagem patética às posições da Alemanha na Europa.
Desde que iniciaram a sua governação, Passos Coelho e Vítor Gaspar alinharam, de forma acéfala e seguidista, com as ideias da Alemanha sobre como resolver a crise europeia e as crises nacionais dos países com elevadas dívidas. Em momento algum o Governo percebeu que essa colagem era prejudicial aos interesses de Portugal, e que por mais que fosse necessário ganhar credibilidade nos mercados financeiros, era igualmente necessário ter uma posição mais crítica contra a linha dura da Sra Merkel e do Sr. Schauble. Como se viu na questão da renegociação dos prazos da dívida, o Governo da Alemanha está-se nas tintas para os nossos problemas, e só pensa em ser reeleito, e não mostrará qualquer boa vontade para com Portugal antes de isso acontecer. Qual foi então o benefício de estarmos colados à Alemanha?
6 - Relvas e companhia
É evidente que manter Relvas no Governo foi um erro, bem como alguns outros personagens menores. No entanto, comparado com os outros erros e o que eles custaram ao país, este foi o menos grave. Mas, o seu simbolismo é ainda assim bastante degradante da credibilidade de Passos Coelho.
Por: Domingos Amaral
Outros Relacionados:
Concordo com esta lista de "erros", mas no fundo eles foram intencionais, pois os nossos governos recentes são "agentes" duplos ao serviço dos grandes interesses internacionais, eles não querem ajudar o país, mas sim promoverem-se e safarem-se no CAos que por aí vem projectado pelos monstros pseudo europeus. Neste país narcotizado muita gente ainda não acordou e percebeu que não é só incompetência, mas sim traição ao País, traição à suposta Europa que seria para evitar conflitos... Ao mundo e à humanidade em geral, pois o que eles (estão a fazer impunemente por agora), está ao nível do que aconteceu com a revolução Francesa.
ResponderEliminarConcordo com quase todo a lista, excepto o segundo erro. Não vi ninguem a falar da falta de equidade quando anos a fim os funcionarios publicos tinham imensas regalias, bonus por tudo e mais alguma coisa (cabelos cortados, fardas limpas, etc...) e reformas aos 50 e tal anos, enquanto os privados bancavam isso tudo. A verdade é que o estado gasta de mais e precisa de cortar e os cortes nos funcionarios publicos vao ser parte dos cortes estruturais. Quem pense o contrario está a dormir.
ResponderEliminarDaqueles milhoes de empresas publicas e fundações que para nada servem, estão funcionários publicos que fazem parte das gorduras. Agora na minha opinião o governo neste momento está fragilizado e está a espera dumas vitorias politicas e na UE para fazer os tais cortes que vao de certeza envolver uma redução nos funcionarios publicos, ou seja, despedimentos. Mas esta é a minha opinão.
Apesar de esta politica de austeridade não fazer sentido e de não dar resultados (as analises macro-economicas provam isso), a verdade é que ha amuita gente a viver do estado. Agora não são so os funcionarios pub. As grandes empresas e empresarios, a banca, vai tudo buscar ao mesmo lado, ao bolso do contribuinte.
Agora sim, para haver a tal equidade, não é so cortar nos funcionarios publicos, é tambem cortar nos lobbys. As golpadas das energias renovaveis, as golpadas das PPP, as golpadas dos BES e afins. E mandar um manguito aos Alemães. A UE e o euro nas ultimas dedacas foram re-organizadas para satisfazer os desejos alemães (não fossem eles ter ideias imperialistas outra vez) e franceses. Se eles não se lembram dos perdões de divida, dos perdões de defice, das acomodações feitas a quando da bolha das dotCom, à que relembrar e mostrar que somos estados irmaos, mas isso já são outras hsitorias.