Entrevista "Portugal é um prisoneiro que se porta bem à espera da liberdade condicional"
O professor de Economia Política da Universidade de Atenas, Yanis Varoufakis, tira a temperatura à situação na Grécia e em Portugal, afinando o seu discurso por um único diapasão: o da crítica. Numa entrevista publicada na edição desta quinta-feira do Jornal de Negócios, o docente diz que “só por intervenção divina” Portugal regressará aos mercados em 2013, considerando o programa de ajustamento português “uma catástrofe”.
“Portugal tentou ser imperceptível, ou perceptível pela sua ausência, e jogar, ao lado da Irlanda, o papel de prisioneiros do modelo. Prisioneiros que se portam bem à espera da liberdade condicional”.
É desta forma que o professor de Economia Política da Universidade de Atenas, Yanis Varoufakis, avalia a postura de Portugal perante a Europa, bem como a da Irlanda, e “desafia a ideia” de que os programas destes países estejam a funcionar. “Acho que são uma catástrofe”, sublinha o docente, acrescentando que o regresso de Portugal aos mercados no próximo ano, ainda que “um milagre” possa suceder, “seria preciso algum tipo de intervenção divina”.
Para Varoufakis, “a Europa está em completa negação nos últimos três anos”, sendo que “o que estamos a passar é uma consequência inevitável da má arquitectura da zona euro perante o colapso do sistema financeiro de 2008”. E diagnostica: “Até que a Europa aceite isto, todas as receitas vão transformar uma coisa má noutra pior”.´
Na opinião do professor, “a lógica global do programa grego foi desastrosa” e “nem Deus e os seus anjos conseguiriam fazer um programa destes funcionar”.
“Tínhamos os défices bancário, de dívida pública e de investimento. Agora temos um défice democrático, com nazis no Parlamento. Temos um colapso de legitimação de todo o sistema político”, assinala o responsável.
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