quinta-feira, 28 de março de 2013

Sócrates Entrevista na RTP Comentários

                  

Vi a entrevista de Sócrates, sem som, enquanto jantava com um amigo. A proxemia estava boa., muito equilibrada. Quando acabei de jantar, entrou ele com parte do seu ‘estado-maior’. Vinha jantar, depois de sair da RTP. Encontro casual mas revelador de um Sócrates com grande à vontade e sem a companhia de ‘seguranças’. Vim para casa e ouvi a entrevista. Sócrates dominava os números, tinha datas e referia factos, com grande à vontade. Mas não foi isso o que lhe deu o domínio da situação e baralhou os entrevistadores. Ele encaixava tudo isso – números, datas, factos – num ‘discurso’ próprio, enquanto espatifava a ‘vulgata’ dominante nestes últimos dois anos. De entrada, o ‘artista’ tinha mudado o ‘tabuleiro’ do jogo… Só para ver isto, valeu a pena a entrevista. Em dois anos, ninguém tinha apresentado uma ‘narrativa’ alternativa à do Governo, objecto de, apenas, críticas ‘quantitativas’. Em menos de duas horas, Sócrates resolveu esse vazio e apresentou uma alternativa à ‘narrativa’ dominante. Eficaz e demolidora é, igualmente, a crítica ao actual governo, arrumado com uma simples imagem de fácil visualização: metido num buraco, o governo não sabe sair de lá e cava “austeridade”, qual coveiro do País. Do Presidente da República, nem vale a pena falar. Foi uma lição de comunicação política. Depois de feito, parece fácil, não é? O ‘ovo de Colombo’ também foi assim. Paris está a fazer bem ao ‘animal feroz’…J.M./Fonte Inteligência Económica
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Então, Sócrates voltou. Vou zurzi-lo. Um ex-primeiro-ministro de Portugal não dá explicações sobre como pode ir estudar dois anos para Paris. Parolos podem parolar sobre isso, mas gente da classe média que já teve filhos a estudar durante cinco anos em Paris sabe que isso é honestamente possível. Não se explica tal a um Octávio Ribeiro, diretor do CM, que insiste há meses com esse tema. Olha-se-lhe é para a cara dele e à pergunta que nela vem estampada ("E V. Exa toma mais alguma coisinha?") e responde-se: "Não, só a conta." E não se lhe deixa a gorjeta de uma explicação numa entrevista com jornalistas decentes. Tirando esse deslize, Sócrates foi moderado, criticou no PR falhas de solidariedade institucional. Ora com Cavaco um animal feroz levantaria outra coisa: aquele que é hoje o Presidente de Portugal ganhou de um banco, num ano, mais do dobro do que lá tinha depositado - e, depois de ter sido provado que o banco era de bandidos, não devolveu as mais-valias. Essa é a questão-chave, porque reconhecida e aceite, do desconforto dos portugueses com os seus políticos. Já com os chefes do Governo e da oposição, Sócrates limitou-se a mostrar, em contraexemplo, que Passos tem sido uma cucurbitácea, lá fora, e Seguro, um banana, cá dentro. Daí as minhas críticas por ele ir para essa coisa falsa que é político comentador político. Um político assim deveria ir ao congresso do seu partido e lutar pelo seu lugar.




"O PRESIDENTE É, DE FACTO, MENOR E MESQUINHO"

• Clara Ferreira Alves, ALGUÉM PARA ODIAR 

[hoje no Expresso]:

‘(…) No ano em que soubemos que uma quadrilha de amigos do Presidente não paga o que deve ao BPN e temos nós de pagar por eles, milhares de milhões, as pessoas escolhem odiar Sócrates. No mês em que a nossa saída do euro está por um triz, as pessoas escolhem odiar Sócrates. Que lhes faça bom proveito.


O que extraí da entrevista? Algumas verdades. O Presidente é, de facto, menor e mesquinho. (…) Vi, ainda, que quem não deve não teme. Se Sócrates fosse o bandido que fugiu para Paris e para uma vida de luxo com o dinheiro que roubou no Freeport (campanha mais infame do que a da homossexualidade) não tinha regressado. Vi um homem de consciência tranquila. A pergunta que me interessava ninguém a fez. E a Europa? Desde que Sócrates se foi embora a Europa mudou, para pior. Portugal também, para pior. (…)’






“Primeiro que tudo e para memoria futura (até porque o tempo encarrega-se sempre de inverter situações e posições) que fique registado que muita e boa gente defendeu, sem pudor, que José
Sócrates devia ser silenciado para sempre. Posto isso, a questão imediatamente relevante era a de saber porque quis, ele próprio, regressar agora. “Por direito e por dever e porque esta é a hora”, respondeu.

Quanto ao direito, exerceu-o com aquela ferocidade e eficácia que é bem conhecida e justamente temida: dois anos da “narrativa” de que todos os males que padecemos se devem aos dois anos de governação irresponsável de Sócrates, entre 2009 e 2011 – em que ele sozinho terá contrariado a vontade de todas as forças politicas, todas as forças económicas e todo um povo, que nada mais suplicavam do que as poupanças do Estado – ficaram seriamente abaladas depois da longa prestação televisiva do réu. Compreende-se bem porque é que o queriam calado para sempre. (…)


Com dois tiros certeiros e bem merecidos ajustou contas com Cavaco. Com alguns tiros oportunos desinquietou, talvez definitivamente, a paz podre de que gozava o governo e prometeu vir expor rapidamente a sua absoluta irrelevância e incompetência. (…)” 
Miguel Sousa Tavares, Jornal Expresso

Gostei!
Esclarecedor , assertivo , objectivo , sintético , agressivo , a imagem de um político nato. Não há dúvida que JS nasceu para ser político em toda a sua amplitude .
Domina os dossiers e os temas , fala com convicção , sabe usar as palavras , os silêncios , os " suspenses " , as expressões.
Para quem gosta de política, estas entrevistas são de uma aprendizagem excepcional.
Só têm um senão : é que dão-nos um padrão de avaliação , uma bitola de comparação , um elemento de aferição , quanto a tudo o resto ..................
Pois ! Felizmente temos este padrão de comparação para retirarmos ilações sobre tudo o resto ... Por : Wolf Grey
Entre 2008 e 2010 havia uma grande internacional, provocada por quem? Pelos mercados, não pelo Estado. Todos os países aumentaram o seu défice e a sua dívida, agora o problema é entre 2011 e 2013, veja bem, nós estamos com uma política de austeridade que é só concentrada na austeridade e não no crescimento, e o que é que nos acontece, não só empobrecemos, como a dívida explodiu.
A ideia da austeridade é uma ideia perigosa, é uma ideia tão perigosa que nos conduz a pensar “a austeridade significa poupar”, não! Significa não apenas resultados catastróficos na economia, mas conduz também ao descontrolo da dívida, 130%!

Opinião de José Sócrates, 23.03.2014.



UM RECORD PARA O GUINNESS

Jorge Nascimento Rodrigues, lembra que o Governo de Passos & Portas bateu um record muito velhinho, que subsistia desde o século XIX: a dívida pública atingiu 129% do PIB no final de 2013, valor certificado agora pelo FMI, pela Comissão Europeia e pelo Banco de Portugal. 

Sabia-se que a queda do record estava iminente. Em 2012, o Governo igualou o rácio da dívida pública face ao PIB atingido em 1892, que se elevou a 124% [cf. Jorge Nascimento Rodrigues, Portugal na Bancarrota - Cinco séculos de História da Dívida Soberana Portuguesa -http://www.centroatl.pt/titulos/desafios/bancarrota/]. Agora, apossou-se deste record que tem barbas. Nem se percebe por que Passou Coelho não aproveitou a subida ao palanque no congresso para comemorar esta proeza única. Verdadeiramente histórica.


CARLOS CARVALHAS NO ENCONTRO NACIONAL DO PCP

«(...) Em relação à dívida do país em primeiro lugar é preciso recordar que a dívida privada é superior à dívida pública, coisa que esses senhores sempre escondem.

Segundo, é preciso também lembrar que em relação à dívida pública Portugal em 2007, ano em que a crise rebentou tinha uma dívida de 68,4% do PIB, ao nível da zona Euro, inferior à de países como a Itália, Bélgica, praticamente igual à da França e da Alemanha.

O que se passa então para a dívida subir em flecha? Foi porque o Estado passou a gastar muito mais na saúde, no ensino, na investigação? Não! A subida em flecha da dívida pública deu-se devido à quebra de receitas provocadas pela crise, porque no essencial o Estado tomou nas suas mãos o desendividamento e a capitalização da banca. 

Os trabalhadores, os pensionistas e os pequenos e médios empresários têm estado a pagar o desendividamento da banca ao serviço dos banqueiros e dos grandes accionistas. Não é só o caso dos milhões e milhões enterrados no BPN, no BCP, no BPP, no Banif, são também os milhões que a banca ganha com o Estado, comprando dívida pública que lhes rende juros de 4,5,6% e que depois os deposita no BCE como colaterais, recebendo iguais montantes a 0,25%, os milhões que recebem em benefícios fiscais, os milhões que têm ganho com as PPP's e até com as rendas excessivas, pois no final são eles que estão por detrás de tais operações e empresas! (...

                  

1 comentário:

  1. hão-de ter que reconhecer o superior valor de José Sócrates! A sua honestidade, a sua preserverança...um homem que não se abate!

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