Vi a entrevista de Sócrates, sem som, enquanto jantava com um amigo. A proxemia estava boa., muito equilibrada. Quando acabei de jantar, entrou ele com parte do seu ‘estado-maior’. Vinha jantar, depois de sair da RTP. Encontro casual mas revelador de um Sócrates com grande à vontade e sem a companhia de ‘seguranças’. Vim para casa e ouvi a entrevista. Sócrates dominava os números, tinha datas e referia factos, com grande à vontade. Mas não foi isso o que lhe deu o domínio da situação e baralhou os entrevistadores. Ele encaixava tudo isso – números, datas, factos – num ‘discurso’ próprio, enquanto espatifava a ‘vulgata’ dominante nestes últimos dois anos. De entrada, o ‘artista’ tinha mudado o ‘tabuleiro’ do jogo… Só para ver isto, valeu a pena a entrevista. Em dois anos, ninguém tinha apresentado uma ‘narrativa’ alternativa à do Governo, objecto de, apenas, críticas ‘quantitativas’. Em menos de duas horas, Sócrates resolveu esse vazio e apresentou uma alternativa à ‘narrativa’ dominante. Eficaz e demolidora é, igualmente, a crítica ao actual governo, arrumado com uma simples imagem de fácil visualização: metido num buraco, o governo não sabe sair de lá e cava “austeridade”, qual coveiro do País. Do Presidente da República, nem vale a pena falar. Foi uma lição de comunicação política. Depois de feito, parece fácil, não é? O ‘ovo de Colombo’ também foi assim. Paris está a fazer bem ao ‘animal feroz’…J.M./Fonte Inteligência Económica
Miguel Sousa Tavares, Jornal Expresso
Gostei!
Esclarecedor , assertivo , objectivo , sintético , agressivo , a imagem de um político nato. Não há dúvida que JS nasceu para ser político em toda a sua amplitude .
Domina os dossiers e os temas , fala com convicção , sabe usar as palavras , os silêncios , os " suspenses " , as expressões.
Para quem gosta de política, estas entrevistas são de uma aprendizagem excepcional.
Só têm um senão : é que dão-nos um padrão de avaliação , uma bitola de comparação , um elemento de aferição , quanto a tudo o resto ..................
Pois ! Felizmente temos este padrão de comparação para retirarmos ilações sobre tudo o resto ... Por : Wolf Grey
Entre 2008 e 2010 havia uma grande internacional, provocada por quem? Pelos mercados, não pelo Estado. Todos os países aumentaram o seu défice e a sua dívida, agora o problema é entre 2011 e 2013, veja bem, nós estamos com uma política de austeridade que é só concentrada na austeridade e não no crescimento, e o que é que nos acontece, não só empobrecemos, como a dívida explodiu.
A ideia da austeridade é uma ideia perigosa, é uma ideia tão perigosa que nos conduz a pensar “a austeridade significa poupar”, não! Significa não apenas resultados catastróficos na economia, mas conduz também ao descontrolo da dívida, 130%!
Opinião de José Sócrates, 23.03.2014.
A ideia da austeridade é uma ideia perigosa, é uma ideia tão perigosa que nos conduz a pensar “a austeridade significa poupar”, não! Significa não apenas resultados catastróficos na economia, mas conduz também ao descontrolo da dívida, 130%!
Opinião de José Sócrates, 23.03.2014.
UM RECORD PARA O GUINNESS
Jorge Nascimento Rodrigues, lembra que o Governo de Passos & Portas bateu um record muito velhinho, que subsistia desde o século XIX: a dívida pública atingiu 129% do PIB no final de 2013, valor certificado agora pelo FMI, pela Comissão Europeia e pelo Banco de Portugal.
Jorge Nascimento Rodrigues, lembra que o Governo de Passos & Portas bateu um record muito velhinho, que subsistia desde o século XIX: a dívida pública atingiu 129% do PIB no final de 2013, valor certificado agora pelo FMI, pela Comissão Europeia e pelo Banco de Portugal.
Sabia-se que a queda do record estava iminente. Em 2012, o Governo igualou o rácio da dívida pública face ao PIB atingido em 1892, que se elevou a 124% [cf. Jorge Nascimento Rodrigues, Portugal na Bancarrota - Cinco séculos de História da Dívida Soberana Portuguesa -http://www.centroatl.pt/titulos/desafios/bancarrota/]. Agora, apossou-se deste record que tem barbas. Nem se percebe por que Passou Coelho não aproveitou a subida ao palanque no congresso para comemorar esta proeza única. Verdadeiramente histórica.
«(...) Em relação à dívida do país em primeiro lugar é preciso recordar que a dívida privada é superior à dívida pública, coisa que esses senhores sempre escondem.
Segundo, é preciso também lembrar que em relação à dívida pública Portugal em 2007, ano em que a crise rebentou tinha uma dívida de 68,4% do PIB, ao nível da zona Euro, inferior à de países como a Itália, Bélgica, praticamente igual à da França e da Alemanha.
O que se passa então para a dívida subir em flecha? Foi porque o Estado passou a gastar muito mais na saúde, no ensino, na investigação? Não! A subida em flecha da dívida pública deu-se devido à quebra de receitas provocadas pela crise, porque no essencial o Estado tomou nas suas mãos o desendividamento e a capitalização da banca.
Os trabalhadores, os pensionistas e os pequenos e médios empresários têm estado a pagar o desendividamento da banca ao serviço dos banqueiros e dos grandes accionistas. Não é só o caso dos milhões e milhões enterrados no BPN, no BCP, no BPP, no Banif, são também os milhões que a banca ganha com o Estado, comprando dívida pública que lhes rende juros de 4,5,6% e que depois os deposita no BCE como colaterais, recebendo iguais montantes a 0,25%, os milhões que recebem em benefícios fiscais, os milhões que têm ganho com as PPP's e até com as rendas excessivas, pois no final são eles que estão por detrás de tais operações e empresas! (...
hão-de ter que reconhecer o superior valor de José Sócrates! A sua honestidade, a sua preserverança...um homem que não se abate!
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