sábado, 10 de novembro de 2012

Freitas do Amaral: Portugal segue "Grécia

Freitas do Amaral: Portugal segue "Grécia com um ano de atraso" e terá mais resgates

O antigo governante Freitas do Amaral afirmou hoje que, "com esta receita", Portugal vai enfrentar "um segundo, um terceiro, um quarto e um quinto" resgates, alertando que o país está "a seguir a Grécia com um ano de atraso".

O fundador do CDS considera que, "com esta receita que a 'troika' (União Europeia e Fundo Monetário Internacional) impõe, é claro que tem de haver cortes na despesa e é claro que tem de haver aumentos da receita", uma política que "vai conduzir a um caminho cada vez mais fundo" e que implicará "um segundo, um terceiro, um quarto e um quinto" resgates financeiros. 

Para Diogo Freitas do Amaral, que falava esta noite numa conferência organizada em Lisboa pelo eurodeputado centrista António Ribeiro e Castro, Portugal está "a seguir o caminho da Grécia com um ano de atraso".

"A Grécia está à beira do terceiro [resgate] e nós estamos à beira do segundo", afirmou, acrescentando que "esta receita está errada e, enquanto não for modificada, vai ser sempre pior".

Diogo Freitas do Amaral considerou ainda que "o sistema político português está bloqueado", porque "o Governo não é capaz de rectificar um único erro, não é capaz de negociar com voz grossa com a 'troika' e com as potências que estão por trás da 'troika', o Presidente da República entende que não deve intervir, o Parlamento não tem capacidade para destituir o Governo e o CDS foi entalado e não pôde demarcar-se do PSD, como chegou a desejar".

Ora, num contexto de "bloqueio" do sistema político, "o único sinal de esperança em Democracia, quando um Governo governa mal, é [convocar] eleições", defende o antigo governante e candidato à presidência da República.

"Não digo que devam ser feitas agora. Agora temos de discutir e votar o Orçamento", explicou, considerando que "a partir de Janeiro, no momento em que o Presidente da República, as forças políticas e o Conselho de Estado entenderem que é mais oportuno para o país", essa questão deve ser considerada.
Artigo: Jornal de Negócios.

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“Confesso que antes do 25 de Abril não era democrata”, disse ainda
Freitas do Amaral defendeu, em entrevista à Antena 1, que era a bom para a democracia um governo PS/PC. “Eu só espero que o Partido Comunista não fique agarrado à ideia de que só tem que entrar em cena quando for para fazer a revolução e aceite fazer alianças de governo”, disse, acrescentando que “a democracia portuguesa funcionaria muito melhor se a alternância fosse entre governos PSD/CDS e governos PS/PC”, apesar de considerar que um governo entre socialistas e comunistas “não é possível neste momento”.

Freitas do Amaral assumiu, na mesma entrevista, que antes do 25 de Abril não era democrata: “Eu sabia que era liberal, não sabia que era democrata”.

“Não posso dizer que em 72, 73, 74 tivesse falado a favor da democratização do regime, mas falei a favor da liberalização do regime”, acrescentando que “a ideia da democracia, dos partidos políticos, do governo poder mudar de acordo com as eleições, eu não a tinha tão clara no meu espírito”.

Em Portugal, “considerei o partido comunista como um perigo para a democracia portuguesa, não só em 75 mas enquanto existiu União Soviética. A partir do momento em que deixou de haver União Soviética é um partido como os outros e devo fazer aqui um elogio ao Partido Comunista: se é verdade que na minha opinião tentou tomar o poder pela força em 75, a verdade também é que desde o 25 de Novembro de 75 nunca mais infringiu uma única regra da democracia”.

Quanto ao manifesto, Freitas do Amaral diz que “não está nada arrependido” de o ter assinado e defende que não houve aproveitamento político do documento: “Não houve aproveitamento político nenhum. Alguém fez um partido com base no manifesto? Uma lista para o parlamento europeu com base no manifesto?”, considerou, esclarecendo que “apenas houve uma série de cidadãos que se encontraram de acordo quanto àquele tema”.

“É evidente que aquelas pessoas não podiam fazer uma coligação de governo, mas para um problema concreto de Portugal – que é o problema da dívida - quanto mais alargado for o leque de apoiantes melhor é”, disse ainda, considerando que o manifesto “não era um ultimato ao governo, era uma proposta de que aquele tema fosse debatido. E está a ser”.

Sobre a questão do voto obrigatório, Freitas do Amaral disse “as pessoas que normalmente se abstêm são as que estão mais descontentes, com a política, com os partidos… é precisamente esses que temos de levar a votar para que alguma coisa mude. Era uma forma de obrigar o sistema a renovar-se”.




O poder em Portugal é exercido por "grupos de interesses"


O antigo ministro das Finanças afirmou esta tarde que "não são os eleitores quem escolhe" e que falta "responsabilização" à classe política.
O poder em Portugal é exercido por "grupos de interesses""A gente pensa que são os eleitores que escolhe, mas não são, são grupos de interesses. É assim em toda a parte, e em Portugal mais que noutros países", disse Silva Lopes numa homenagem ao economista João Ferreira de Amaral, perante uma audiência que incluía o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, e o governador do banco de Portugal (BdP), Carlos Costa.
"A nossa organização política não é muito encorajadora", afirmou Silva Lopes, de 80 anos, que já foi também governador do Banco de Portugal. "Há o problema da justiça, dos grupos de interesses. Há um problema de falta de transparência do Estado. De falta de transparência e de responsabilização."
Silva Lopes exemplificou afirmando que "há dias, o Estado deu milhões a câmaras [municipais] que excederam os orçamentos, e não tivemos a lista de câmaras que o fizeram".
O economista escandaliza-se por "alguns presidentes dessas câmaras são agora candidatos de câmaras ao lado!".
Para Silva Lopes, "neste país não há responsabilização de quem não sabe gerir orçamentos".
por Lusa, texto publicado por Sofia Fonseca/DN

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