sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Europa Três anos de crise da dívida

Europa, fim do terceiro ano da crise da dívida. Com Grécia, Irlanda e Portugal sob resgate, mais o pedido de Chipre, o esperado da Eslovénia e a Espanha e a Itália a caírem ao charco ameaçando arrastar tudo consigo, o BCE lá decide mexer-se. Vai mesmo haver mais dinheiro - aquilo de que Passos jurou a pés juntos não querer nem precisar e que Rajoy exigiu e conseguiu.
FERNANDA CÂNCIOSustenham o suspiro de alívio, porém. O mesmo discurso do BCE continua a vincar a necessidade da manutenção dos ajustamentos "estruturais" e da austeridade. De uma assentada, pois, prometem-nos a luz ao fundo do túnel e que não sairemos dele.
Vejam-se os números ontem divulgados pelo Eurostat: a Europa está a entrar na segunda recessão em três anos, e Portugal lidera (entre os países que apresentaram números: a Grécia não fez esse favor) com uma contração de 1,2%. Logo atrás vem, com 1,1%, a Finlândia (a tal que não empresta dinheiro aos pobres). Mas a contração portuguesa, diz-nos a cartilha da troika e de Passos, sucede porque ainda não somos suficientemente "competitivos" - ainda gastamos muito em salários que já são dos mais baixos da UE e indemnizações por despedimento, ainda temos duas ou três empresas fundamentais no sector público, ainda não demos completamente cabo da educação e da saúde para todos e ainda não arruinámos a segurança social. Ou seja, ainda não estamos miseráveis o suficiente para "atrair o investimento", mas "vamos no bom caminho", aliás único. Qualquer outro, a começar pelos que passem pelo investimento público, é, como sabemos, o "regabofe". Aliás, foi essa, a via do investimento "com o dinheiro dos outros", "que nos trouxe aonde estamos", não foi?
Foi, claro. Não interessa nada se essa era a via ditada pela Comissão Europeia até ao início de 2010 como reação à crise financeira internacional (repetir: isso nunca aconteceu). Ou que um estudo publicado em julho pelo FMI conclua que "retirar o estímulo fiscal demasiado rápido a economias em contração pode prolongar as respetivas recessões sem gerar a esperada poupança. Isto é particularmente verdadeiro se o ajustamento fiscal está centrado em cortes no investimento público (...) e se é de grande envergadura." E termina, como quem faz um desenho: "Ajustamentos feitos de uma só vez (frontloading) durante uma recessão tendem a ter custos muito mais elevados, além de atrasarem a redução da dívida face ao PIB. O que pode exacerbar a desconfiança dos mercados na dívida soberana em tempos de baixa confiança, deitando a perder os esforços da austeridade." Até parece uma descrição do que nos está a suceder, mas é mentira de certeza. Só pode: íamos lá ter uma clique de iluminados a levar-nos resoluta e cegamente para o fundo, enquanto clamam prisão para quem apostou no investimento público, e, de repente, algures nos próximos meses, anunciarem que tudo o que era mentira passa a ser verdade (e vice-versa) sem nunca, bem entendido, mudarem os
culpados? Nããã.
por FERNANDA CÂNCIO/DN                      



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1 comentário:

  1. Adorei ver-te jovem Passos a fazer o que te mando.
    Os preguiçosos portugueses precisam de ver o que custa a vida ... So querem Sol e praia enquanto nos cá na Alemanha trabalhamos que nos fartamos. Quando esses porcos e barrigudos acordam ja das nossas linhas de produção saiam milhares de carros BMW Nercedes Audi etc etc Queres ganhar um popo bonito Passos ?Da-lhes forte como combinamos lembra-te que isto e só um pequeno aperitivo. Sabes que essa tua pose faz lembrar o Socrates. Foi o Luiz que te ajeitou ? Bom menino para a próxima quando cá vieres deixo-te dar uma voltinha no meu Porsche se o lavares e me fizeres uma vénia a maneira.

    Beijinhos Angela


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