terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Crise não é a Dívida Pública

          

                    
                     

          

                       

         

"Parem de fingir que isto é uma crise de dívida pública"

A Europa não tem um problema orçamental e a crise não é de dívida pública. Para Marc Blyth, professor de economia política internacional, o verdadeiro problema está nos bancos e nos ativos tóxicos que estes mantêm nos balanços.

Em entrevista ao "Jornal de Negócios", Mark Blyth, professor de economia política internacional que escreveu o livro "Austeridade: a história de uma ideia perigosa", afirma que a Europa erra na atual estratégia de austeridade devido a "uma crença ideológica que recua centenas de anos e que entende que sempre que há um problema com dívida se deve cortar nesta. Isso funciona individualmente, mas se todos tentarmos fazê-lo ao mesmo tempo, e formos parceiros comerciais com a mesma moeda, o resultado é uma recessão para todos. E à medida que o PIB encolhe a dívida aumenta, tal como está a acontecer em Portugal e nas chamadas perifeiras europeias".
Para o economista, a redução da despesa pública não resolve o problema. "Podem cortar a despesa pública em Portugal até à idade da pedra que isso não terá impacto na exposição dos bancos estrangeiros aos mercados de dívida soberana". Em relação às medidas de austeridade, Blyth dá uma curiosa imagem: "Descrevamos Portugal como alguém que teve um acidente: tem uma perna partida, a cara esfacelada, tem problemas de respiração e mal se consegue mexer. Nós levamo-lo para o hospital e a receita do médico é: vamos retirar-lhe todo o sangue do corpo. Portugal tem concerteza os seus problemas de longo prazo, mas não é que a austeridade os ajude a resolver. Irá simplesmente tornar as coisas piores", diz.
Para o economista, a austeridade é apresentada como uma forma de reformar o Estado-social mas, diz, "se estivermos a falar de problemas de equidade do Estado social, como excesso de benefícios a pensionistas, então devem ser tratados. Mas o que está em causa é salvar o 1% mais rico quando os seus bancos estão em apuros -é o que aconteceu na América e na Europa - e depois, quando esses resgates e as recessões acabam no balanço do sector público, usar como desculpa um problema de pensões, isso não é uma boa política".
Segundo Mark Blyth, "a primeira solução é parar com a austeridade. A segunda é parar de fingir que isto é uma crise de dívida pública, que não é. É uma crise bancária. É preciso resolver o problema bancário. Estamos parados na união bancária há um ano, pela simples razão de que alguém tem de lidar com um bilião de dólares de ativos tóxicos que estão nos sectores bancários espanhóis e outros. Até que as perdas sejam reconhecidas e absorvidas pelos bancos e seus acionistas e credores, não há forma de resolver o problema. É preciso desalavancar o sistema e deixar o ciclo de crédito e a política monetária funcionar".Por:LMC/DN/29/11/2013





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O Exemplo Americano
Os EUA foram os autores da crise por via dos seus bancos, mas não cruzaram os braços nem se remeteram para uma austeridade que significa nada gastar e nada fazer. O Governo americano começou por apoiar as suas maiores empresas e a Reserva Federal
emitiu moeda em quantidade astronómica para financiar a economia e, principalmente, dar continuidade aos enormes investimentos na independência energética.
Hoje, a economia americana cresce a mais de 3%, o desemprego sofreu uma redução significativa e, principalmente, os EUA tornaram-se nos maiores produtores de petróleo e gás natural do Mundo por via do fracking e da perfuração horizontal. O fracking significa injetar vapor de água a 150ºC nos xistos betuminosos que assim libertam enormes quantidades de gás natural e petróleo. A produção diária americana é hoje superior à da Arábia Saudita em 300.000 barris de petróleo diários e em quase 2 milhões de barris mais que a Federação Russa, o que tornou a nação americana num grande exportador de produtos químicos oriundos dos hidrocarbonetos extraídos da terra e do fundo do mar porque, possuindo gigantes como a DuPont, Monsanto, etc. não exportam o petróleo e o gás natural, mas transformam-no nos mais diversos produtos.
A China, por sua vez, não tem outra alternativa que não seja utilizar as suas imensas reservas em dólares na aquisição de matérias- primas químicas, produtos alimentares e outras mercadorias, dado que o dinheiro ou se gasta ou se deita fora deixando desvalorizar, tanto mais que em toda a parte os juros são baixíssimos. 
A Europa deveria olhar para o exemplo americano e compreender que os EUA não são dominados por um único estado mais rico ou industrializado. O dólar é para todos de acordo com as suas necessidades e trabalho.




Dívida de países que aplicaram a austeridade foi a que mais cresceu
“Bons alunos” e “maus alunos”, todos os países que seguiram os “diktats” do governo alemão e da troika e aplicaram políticas de austeridade supostamente para reduzir a dívida, obtiveram o resultado oposto: Irlanda, Itália, Espanha, Grécia e Portugal.

Evolução Recente da Dívida Pública Portuguesa (Estatística do IGCP)

31-12-2012: 194.466 milhões de euros
31-10-2013: 204.062 milhões de euros
30 -11-2013: 209.803 milhões de euros

Apesar de roubarem nas pensões e salários e nos tratamentos de doentes, a dívida pública subiu num só mês quase cinco mil milhões de euros. Feito Notável!!!

Em 2010, o PIB português era de 172,8 mil milhões de euros !!!
Em 2013, deverá rondar os 164 mil milhões de euros !!!
Ou seja, a austeridade anulou-nos mais de 8 mil milhões de euros de riqueza produzida em Portugal!!!

Em 2010, a taxa de desemprego portuguesa foi de 10,8 !!!
Em 2013, a taxa de desemprego portuguesa deverá ficar pelos 15,8, um aumento de quase 50% !!!
Quatro anos de austeridade criaram mais 300 mil desempregados do que havia antes!!!

Em 2010, a dívida pública portuguesa rondava os 160 mil milhões de euros, já incluindo aqui muita coisa que na altura não estava contabilizado !!!
Em 2013, quatro anos depois, a dívida pública portuguesa está em cerca de 209 mil milhões de euros, um aumento de quase 50 mil milhões de euros !!!
É este o resultado de quatro anos de austeridade, Portugal tem mais 50 mil milhões de dívida do que tinha!

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