Caso BPN: Tribunal ouviu 63 das 300 testemunhas em três anos

Nesta altura, falta ouvir os depoimentos em tribunal de 23 testemunhas chamadas pela acusação, sete das quais arroladas recentemente, seguindo-se ainda a audição da totalidade das testemunhas de defesa dos 15 arguidos, entre os quais se destaca o fundador do BPN, José Oliveira Costa, a que se soma a empresa Labicer.
É precisamente sobre a matéria que envolve a empresa de cerâmica em que o BPN investiu vários milhões de euros - notícias apontam para um prejuízo total próximo de 90 milhões de euros só com os negócios em torno da Labicer, considerados dos mais ruinosos para o grupo - que incidem actualmente os trabalhos do colectivo de juízes responsável pelo processo-crime.
Sendo certo que os advogados dos arguidos poderão prescindir da audição de algumas das testemunhas que já participaram nas sessões de julgamento por iniciativa da acusação, não é menos verdade que a 'fatia de leão' de testemunhas arroladas neste
processo ainda está por ouvir, o que indica que o mesmo ainda estará longe de ser concluído.
Em causa neste processo que corre nas Varas Criminais de Lisboa (actualmente deslocado em termos físicos para o Palácio da Justiça) estão diversos crimes económicos, que vão desde abuso de confiança a burla qualificada, passando por fraude fiscal e falsificação de documentos, entre outros ilícitos.
Refira-se que as 15 pessoas e o representante da empresa Labicer estão há muito dispensados pelo tribunal de comparecerem nas sessões do julgamento, quase todos por motivos familiares e profissionais, mas também por razões de saúde, como é o caso de Oliveira Costa.
Porém, sempre que o tribunal assim o entenda, os arguidos têm que se apresentar na sala de audiências. Continuam a ser realizadas, sempre que possível, três sessões por semana.

Mais de cinco anos depois da nacionalização do BPN, decidida a 31 de Outubro de 2008, além do processo principal, são dezenas os processos relacionados com o escândalo do grupo financeiro criado por Oliveira Costa que ainda correm nos tribunais, entre eles, os mais mediáticos envolvem figuras como os antigos políticos Duarte Lima e Dias Loureiro.
Em 2008, o banco foi nacionalizado e, em 2011, o Estado vendeu o BPN ao banco de capitais luso-angolanos BIC Português, por 40 milhões de euros.
No relatório final da segunda comissão parlamentar de inquérito ao BPN, aprovado a 16 de Novembro do ano passado, lê-se que o custo total da sua nacionalização para os cofres estatais é de, no mínimo, em números redondos, 3,4 mil milhões de euros e, no máximo, de 6,5 mil milhões de euros.
Lista dos arguidos do processo principal do caso BPN e respectivas acusações:
- José de Oliveira Costa (fundador e ex-presidente do BPN):
Abuso de confiança, burla qualificada, falsificação de documentos, branqueamento de capitais, infidelidade, aquisição ilícita de ações e fraude fiscal.
- José Vaz de Mascarenhas (ex-presidente do Banco Insular):
Abuso de confiança, falsificação de documentos, burla qualificada.
- Luís Caprichoso (ex-gestor do BPN):
Abuso de confiança, falsificação de documentos, infidelidade, burla qualificada, aquisição ilícita de ações.
- Francisco Sanches (ex-gestor do BPN):
Abuso de confiança, burla qualificada, falsificação de documentos, infidelidade.
- Leonel Mateus (ex-gestor da sociedade que alegadamente criava 'offshores' - Plafin):
Abuso de confiança, burla qualificada, falsificação de documentos, infidelidade.
- Luís Almeida (Plafin Contas):
Abuso de confiança, burla qualificada, falsificação de documentos, infidelidade.
- Isabel Cardoso (advogada que alegadamente criou e geriu 'offshores'):
Falsificação de documentos, cúmplice de abuso de confiança e de burla qualificada.
- Telmo Belino Reis (fundador da Labicer):
Abuso de confiança, burla qualificada e fraude fiscal.
- José Monteverde (acionista e devedor do BPN):
Abuso de confiança.
- Ricardo Oliveira (empresário de imobiliário):
Burla qualificada e falsificação de documentos.
- Luís Ferreira Alves (fundador da Labicer):
Fraude fiscal.
- Filipe Baião Nascimento (advogado):
Fraude fiscal e abuso de confiança.
- António Franco (ex-gestor do BPN):
Cúmplice de burla qualificada e falsificação de documentos.
- Rui Costa (Labicer):
Fraude fiscal.
- Hernâni Silva Ferreira (Labicer):
Burla qualificada.
- Labicer (empresa cerâmica):
Fraude fiscal.
Lusa/SOL
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