“A entrada da troika em Portugal resultou da pressão exercida pelo PSD e pelo CDS-PP.” A chanceler Angela Merkel “não queria uma intervenção concertada, regulada, com um Memorando. O PEC IV era essa solução, a mesma que foi encontrada para Espanha e Itália. Lá a Oposição foi patriota. Cá foi traidora à Pátria. Deviam ser julgados em Tribunal Militar.
E António Lobo Xavier disse mais. A entrada em Portugal das três instituições que compõem a troika foi liderada por um “aprendiz de feiticeiro”. Quando lhe perguntaram quem era, clarificou: “O aprendiz de feiticeiro é o primeiro-ministro.” ( Passos Coelho)
DO PEC IV AO CAMINHO PARA A SERVIDÃO • Miguel Sousa Tavares, 'Recapitulando', [hoje no Expresso]: ‘Espero bem que o país não se esqueça de ajustar contas com essa gente um dia. Esses economistas, esses catedráticos da mentira e da manipulação, servindo muitas vezes interesses que estão para lá de nós, continuam por aí, a vomitar asneiras e a propor crimes, como se a impunidade fizesse parte do estatuto académico que exibem como manto de sabedoria. Essa gente, e a banca, foram os que convenceram Passos Coelho a recusar o PEC 4 e a abrir caminho ao resgate, propondo-lhe que apresentasse como seu programa nada mais do que o programa da troika — o que ele fez, aliviado por não ter de pensar mais no assunto. Vale a pena, aliás, lembrar, que o amaldiçoado José Sócrates, foi o único que se opôs sempre ao resgate, dizendo e repetindo que ele nos imporia condições de uma dureza extrema e um preço incomportável a pagar. Esta maioria, há que reconhecê-lo, conseguiu o seu maior ou único sucesso em convencer o país que o culpado de tudo o que de mal nos estava a acontecer foi Sócrates — o culpado de vinte anos sucessivos de défice das contas públicas, o culpado da ordem vinda de Bruxelas em 2009 para gastar e gastar contra a recessão (que, curiosamente, só não foi cumprida pela Alemanha, que era quem dava a ordem), e também o culpado pela vinda da troika. Mas, tanto o PSD como o CDS, sabiam muito bem que, chumbado o PEC 4, o país ficava sem tesouraria e não restava outro caminho que não o de pedir o resgate. Sabiam-no, mas o apelo do poder foi mais forte do que tudo, mesmo que, benevolamente, queiramos acreditar que não mediram as consequências. E também o sabia o PCP e a CGTP, que, como manda a história, não
resistiram à tentação do quanto pior, melhor. E sabiam-no Francisco Louçã e o Bloco de Esquerda, que, por razões que um psicanalista talvez explique melhor do que eu, se juntaram também à mais amoral das coligações direita/extrema-esquerda, com o fim imediato e mais do que previsível de obrigar o país ao resgate e colocar a direita e os liberais de aviário no poder, para fazer de nós o terreno de experimentação económica e desforra social a que temos assistido.’ ________________________________________ Sobre este caminho para a servidão, vale a pena rever a intervenção de Pedro da Silva Pereira, no encerramento do debate do PEC IV, na AR. A História registará este momento de um golpe de estado parlamentar com o objectivo de derrubar um governo democraticamente eleito : http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=jQwARzWs5y8
Só que muitos não perceberam e outros nunca perceberão porque a direita queria tanto o pedido de ajuda externa em detrimento do PEC 4
Outros Relacionados:
Curriculum Pedro Passos Coelho II
Angela Merkel está Grata a Sócrates PEC IV Chumbo do PEC IV à Espiral Recessiva
O ódio a Sócrates
Se não sabem eu explico, porque é que a direita fica azeda e odeia tanto José Sócrates. Experimentem introduzir um cavalo num curral cheio de burros e vão ver que todos o mordem e escoiçam. A inveja e a frustração de saber que nunca chegarão a cavalos provoca ódios e raivas. Enquanto uns ficam frustrados e raivosos, há outros que ainda dizem que aquele burro é esquisito, pois nem percebem que se trata não de um burro, mas dum cavalo.
O socialista João Cravinho foi deputado, eurodeputado, ministro da Indústria, ministro do Planeamento e do Equipamento, e administrador do Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento.
João Cravinho considera que Portugal nunca terá um segundo resgate, porque isso significaria assumir o falhanço do primeiro. “Quando esta gente se afadiga se chegamos ao cautelar ou não, eles já sabem que esse problema está resolvido”, argumenta.
Nesta entrevista conduzida pela jornalista Maria Flor Pedroso, João Cravinho afirma que Portugal não terá condições nos próximos dez anos para se livrar da influência alemã.
ttp://www.rtp.pt/antena1/?t=Entrevista-a-Joao-Cravinho.rtp&article=7216&visual=11&tm=16&headline=13
Também Francisco Louçã perante este desgoverno admitiu que na próxima manifestação aparecessem cartazes a pedir o regresso de Sócrates.
Nicolau Santos, 'As certezas incertas de 2014'
[hoje no Expresso/Economia]:
‘O fim do ajustamento é, salvo alguma nova crise política ou algum acontecimento internacional que faça deflagrar as taxas de juro, um dado adquirido. A troika está desejosa de provar ao mundo que a sua receita não resulta apenas em países anglo-saxónicos, como a Irlanda, mas que também obtém resultados em países latinos, tradicionalmente indisciplinados em matéria de finanças públicas. Além de mais, todo o processo de ajustamento foi manchado ou por pressupostos que se revelaram falsos ou incorretos (austeridade expansionista que não funcionou, multiplicadores orçamentais subvalorizados, dívida acima de 90% que reduzia drasticamente o crescimento e não se confirmou), ou por resultados que não eram os previstos (explosão do desemprego, afundamento
muito superior da procura interna, recessão mais profunda e mais longa do que o esperado), ou pela demissão do seu maior defensor e garante, o ex-ministro das Finanças, Vítor Gaspar, que deixou como testamento político uma carta de demissão onde reconhecia que o programa tinha falhado os seus objetivos essenciais (cumprimento das metas para o défice e para a dívida) e existiam efeitos "muito graves" ao nível do desemprego e do desemprego jovem.
A troika quer fazer esquecer todos os erros e portanto tudo fará para que no final de junho de 2014 termine o programa de ajustamento para poder anunciar como uma vitória aquilo que manifestamente se tratou de um processo de experimentalismo económico e social que não correu nada bem.
Contudo, há mais um falhanço inscrito no horizonte. Com efeito, ninguém nos disse que após o programa de ajustamento teríamos de embarcar noutro navio, agora designado programa cautelar, sob risco de não conseguirmos flutuar em matéria de financiamento internacional pelos nossos próprios meios quando nos libertarmos do triunvirato troikista.
Sem comentários:
Enviar um comentário