segunda-feira, 1 de abril de 2013

Governo de Sócrates em 6 Anos III


 Foi no Governo anterior que , pela primeira vez , vi assumir uma mudança de paradigma do modelo de desenvolvimento português de um modelo assente no
consumo provado e construção civil , insustentável a longo prazo , para um assente nas exportações que é muito mais sustentável. Porém esta mudança de paradigma não se faz de um momento para o outro, leva tempo porque implica em mudanças estruturais e , acima de tudo , de mentalidades. O problema português é essencialmente estrutural e não é de agora é de há muito tempo. Produtividade baixa, empresas com pouca massa crítica , associativismo empresarial pouco existente , fraco investimento em I & D apesar de nos últimos anos ter aumentado , fraco domínio dos circuitos de comercialização , qualidade de gestão , qualidade de investimento , nível cultural da população em termos de formação profissional , e ( essencial ) de mentalidades entre muitos outros. Isto não se muda de um momento para o outro.




Relativamente ao Governo anterior podemos gostar ou não do estilo do anterior PM. Podemos ou não gostar do Governo mas, apesar de poderem ter sido cometidos alguns erros de governação, uma coisa é indesmentível : houve obra feita quer se goste quer não se goste. Tomaram-se medidas de reforma em varios sectores como a Administração Publica , a saude , a educação , a economia , entre muitos outros . Medidas essas que eram urgentes terem sido tomadas já há muito tempo e que apesar de poderem ser , nalguns casos impopulares , são imprescindíveis para o desenvolvimento do País. Medidas essas que outros houveram que tendo maiorias absolutas e em anos de vacas gordas se recusaram a tomar preferindo assobiar para o lado e fingir que nem sabiam. Medidas essas que procuraram resolver alguns problemas crónicos da nossa democracia e que são um entrave ao desenvolvimento.
Reformou-se os cuidados de saude primários criando Unidades de Saude Familiar , alargou-se o acesso á rede de cuidados continuados para os idosos e dependentes , melhorou-se o serviço publico de educação em todo o ensino básico e secundário garantindo as aulas de substituição e melhorando o parque escolar , generalizou-se a todas as escolas do 1º ciclo o ensino do inglês ,alargou-se a rede de apoio da acção social escolar, criou-se o Programa Novas Opportunidades que certificou 500 mil portugueses alargou-se a banda larga especialmente para as escolas, criou-se o programa Simplex que tanto tem desboracratizado a Administração Publica e que tantos benefícios tem trazido ás empreas e cidadãos , criou-se o complemento solidário para idosos para que nenhuma pessoa com mais de 65 anos tenha um rendimento inferior ao limite de pobreza , aumentou-se o numero de beneficiários do Rendimento Social de Inserção , alargou-se a rede de equipamentos sociais , criou-se a licença de parentalidade , fez-se a reforma da Segurança Social , reestruturou-se a Administração Central do Estado , lançou-se a Agenda Digital , aopiou-se a internacionalização da economia portuguesa através das Lojas de Exportação e do programa INOV export , promoveu-se a integração dos jovens no mercado de trabalho através do Programa INOV , apoiou-se as empresas através das linhas PME Invest .Estas foram algumas das medidas encetadas pelo que é indesmentível que houve obra produzida. È evidente que houve coisas que correram menos bem, por exemplo algumas PPP , o que não significa que não se possa fazer um balanço global, na minha opinião positivo.

É obvio que a filosofia subjacente foi a de um Estado Social que norteou as medidas e eixos de politica economica admitidos ajustada ás condicionantes conjunturais da altura. Também é obvio , que este Governo possui uma filosofia neo liberal pelo que , necessariamente , será oposto ás bases intrinsecas de um Estado Social. Por isso sempre disse que , essencialmente , o que está em causa são modelos mais do que pessoas porque, independentemente do estilo de uma ou de outra, seguem linhas subjacentes e inerentes a uma filosofia política , logo a uma concepção de Estado e de sociedade.

Tudo isto não invalida que não tenhamos um problema de endividamento
excessivo para resolver. É um facto indesmentível e a questão que se põe é qual o caminho a seguir. Mas isso são contas de outro rosário  .

Em resumo, e como digo sem deixar de aceitar que houve coisas que correram menos bem na governação anterior acho que , numa óptica de justiça :

1 º Não se pode culpar só o governo anterior por um problema crónico da economia portuguesa que já vem de há décadas ignorando , para mais , os condicionalismos que ocorreram , em termos internacionais , durante a sua vigência;
2 º Houve obra feita e medidas estruturantes tomadas que nenhum outro governo anterior tomou mesmo com maiorias absolutas e com dinheiro vindo a rodos de Bruxelas (trocamos a nossa agricultura e pescas por auto estradas e centro cultural de belém ) ;
3 º Temos que reconhecer que a questão do agravamento das contas portuguesas a partir de 2007 não foi um problema exclusivamente nacional mas internacional, a questão que se põe é que não temos a capacidade de ajustamento que outras economias têm pelos tais constrangimentos estruturais.
4 º Há que reconhecer que muitas das medidas tomadas têm efeitos positivos, que se prolongam no tempo , e das quais o actual Governo , a economia e a população em geral estão a beneficiar ;

Quanto aos erros houve-os , sem dúvida , e há que reconhecê-los mas , ainda numa optica objectiva e de justiça , também se deverá reconhecer o que se fez bem . Também se deverá reconhecer , quando se faz a analise desse período , o contexto internacional e nacional em que ele ocorreu e não retirar as medidas do seu contexto pois retiram-lhe , muitas vezes, a base justificativa da sua ocorrência. Admito que é mais fácil criticar assim porque não se entende o porquê dessa medida e os efeitos que se pretendiam. Até admito que outro Governo , no mesmo enquadramento , se calhar tomaria grande parte das mesmas medidas mas obviamente não gosto de fazer futorologia.
Por: Cristina Paulo/Facebook



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Opinião de Santana Lopes Sobre Sócrates
Sócrates foi um reformista?
Foi um primeiro-ministro com visão em várias áreas. Ele era vários deuses ao mesmo tempo, depois caiu em desgraça e passou a ser o culpado de tudo. Isso é caricato. Ele foi um primeiro-ministro com várias qualidades, um chefe de Governo com autoridade e capaz de impor a disciplina no seio do seu Governo.  Entrevista a Santana Lopes. Por: Bárbara Reis e Margarida Gomes/ P/16/ 03/ 2014


Jornal Económico: Sócrates foi considerado o melhor Primeiro Ministro.

Mário Soares pode ter conseguido estabilizar o país no período pós-revolucionário, Cavaco Silva ter sido o primeiro a conseguir completar um mandato, Durão Barroso até pode ter saído de São Bento para a presidência da Comissão Europeia, mas foi José Sócrates o escolhido, pelos leitores do Económico, como o melhor primeiro-ministro do país.Passos Coelho e Santana Lopes fecharam o pódio em mais uma votação em real time no site do Económico que juntou mais de 11.000 votos válidos. Por: Resistente


Até que a voz me doa"
"(...)
O último governo do PS foi o de Sócrates. O qual particularmente se empenhou em afrontar os problemas e fragilidades fatais de que Portugal padece, há muitos anos. A vida de todos nós depende disso. Mas logo foi acrescentado que fez tudo isso à bruta, com demoníaca sobranceria, pondo em desnecessário risco a democracia, essa coitada. O marquês de Pombal foi um notável governante, no século que lhe coube. Mas nós nem sequer nos questionamos sobre o que poderia ele ter feito, sem trucidar à partida a arrogância dos Távoras, sem incendiar previamente a escuridão da noite jesuíta. Limitamo-nos a pensar que o marquês era uma besta, ou ouvimos dizer isso e ficámos calados. Por cobardia pura, ou por ignorância crassa . Ora vejamos:
Na Saúde, Sócrates prosseguiu o SNS, saído das mãos do ministro Arnaut. Na Segurança Social, com Vieira da Silva, incrementou a protecção social, sem a qual metade dos portugueses caem de imediato na penúria mais crassa. Na Educação, com a ministra Lurdes Rodrigues, melhorou a escola pública, renovou instalações, criou oportunidades para adultos, introduziu línguas e tecnologias. E queria avaliar os professores, um quarto dos quais não possui capacidade nem conhecimentos para ser profissional do ensino. Aí entrou em cena o tribuno Nogueira, que desceu a avenida à frente das suas legiões, e retirou 300 mil votos ao PS em 2009. Mas o comité central conquistou cinco pontos eleitorais, é do que vive. Na Ciência, com Mariano Gago, a universidade portuguesa atingiu reconhecidos patamares de excelência, com efeitos que ainda sobrevivem. NaJustiça afrontou interesses corporativos das eminências da beca, e suportou-lhes por isso o azedume da bílis. Na Economia abriu campos de acção, nas viaturas eléctricas, nas energias renováveis, nas indispensáveis infra-estruturas, nas novas tecnologias. NasFinanças tinha recebido, em 2005, um défice de 7% e uma dívida de cerca de 90% do PIB. Em 2007 o défice estava em 2,9%.
Em 2008 chegou da América a sarna do subprime. Seguindo as instruções da União Europeia, esse ninho de elites traiçoeiras, Sócrates abriu os cordões à bolsa para responder à crise. Aumentou o investimento público e o défice voltou a subir. Em 2010, perante a queda da Grécia e da Irlanda, perante isso da austeridade e o acosso das agências de rating, Sócrates apresentou o PEC IV. O resto é bem conhecido.
Diga-se então clarinho, para se perceber bem: Sócrates foi o melhor primeiro-ministro que Portugal conheceu, na era democrática. Foi longamente acossado e ainda hoje é homiziado pela oligarquia alarve, pelos seus lacaios avençados, e pela estupidez atávica dos portugueses, cujo fadário é serem os cafres da Europa. Agora desesperam muitos, mas só podem contar consigo próprios.»
(Jorge Carvalheira




3 comentários:

  1. Aqui fica uma "sondagem" ligeiramente mais fidedigna do que a do Jornal Económico:

    http://www.legislativas2011.mj.pt/legislativas2011/


    ;)

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  2. Por isso é que estamos neste sufoco! Desertos para nos vermos livres dele.

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  3. Nunca gostei de Sócrates, mas concordo em absoluto com o que escreve. Nunca nos teríamos afundado, se ele ainda estivesse ao leme. Pelo menos era inteligente e respeitava os portugueses, apesar da sua arrogância

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