domingo, 7 de julho de 2013

Paulo Portas Primeiro-Ministro...

             




Com a demissão “irrevogável”, o líder do CDS ficou, por um lado, preso das suas próprias palavras de demissão, por outro, da necessidade de garantir a
estabilidade governativa, pelo menos até Maio, altura marcada para o fim do programa de assistência financeira.

Há muito que Paulo Portas sonhava ser primeiro-ministro. Parecia ter uma limitação inultrapassável: era líder de um partido que, quando muito, conseguia chegar aos 12 por cento. Não lhe faltava um bocadinho, faltava muito. Com uma jogada política arriscadíssima, esta semana conseguiu lá chegar.

O líder do CDS tinha decidido que, ou o estado do governo mudava antes do Verão, ou mudava ele. A saída de Vítor Gaspar e a forma da sua substituição deram-lhe o momento e o pretexto. Decidiu sozinho e correu o risco de, como ele próprio disse na reunião do conselho nacional do CDS, ter de renunciar a qualquer tipo de actividade política, quer ao nível do governo, quer do partido.

Com a demissão “irrevogável”, o líder do CDS ficou, por um lado, preso das suas próprias palavras de demissão, por outro, da necessidade de garantir a estabilidade governativa, pelo menos até Maio, altura marcada para o fim do programa de assistência financeira.

Portas anunciou que a sua demissão era “irrevogável”, era tomada em consciência, que permanecer no Governo seria “um acto de dissimulação”, que
“não é politicamente sustentável, nem pessoalmente exigível”. Escritas tais expressões, era e continua a ser difícil libertar-se delas, mesmo para Paulo Portas, o político hábil, que nos últimos anos já deu várias cambalhotas, fez o pino, triplo mortal e continua de pé.

Ficar na liderança do CDS, mas sair do Governo, mantendo-se o partido na coligação governamental era uma solução fraca e Portas sabia. Ainda assim terá tentado. Seria repetir o erro do segundo Governo Balsemão, quando Freitas do Amaral deixou o lugar de vice-primeiro-ministro e se refugiou no Caldas.

Sair do Governo e do partido, deixar a liderança a Nuno Melo ou Mota Soares era possível, mas também era uma solução frágil, pois nenhum deles é Paulo Portas, o líder do partido que conseguiu levar o CDS de volta ao Governo por duas vezes depois de 20 anos arredado do poder.

Uma aliança meramente parlamentar seria uma solução ainda mais frágil, pronta a ser rompida a cada votação na Assembleia.

As alternativas só podiam ser ficar nos dois tabuleiros ou deixar os dois. E, passo a passo, jogou sozinho e usou o seu melhor jogo. Ganhou aquilo que
ninguém quereria, mas ele quer: a coordenação económica e a negociação com a “troika”. Além do enorme fardo que já tinha e do qual já parecia que queria fugir: a reforma do Estado.

Já não pode estar com um pé fora e outro dentro do Governo; já não pode invocar que não é ele o primeiro-ministro, que é só o líder do parceiro mais pequeno desta coligação governamental. Agora é ele o primeiro-ministro, o “vice” está lá só para manter as aparências.

Ainda falta o prolongamento deste jogo. Mas, se Cavaco deixar e Passos não amuar, Portas vai poder brincar. Brincar a ser primeiro-ministro, o jogo mais arriscado da sua vida. Ainda mais arriscado do que o jogo que jogou na última semana. Para ele, mas sobretudo para todos nós.
Por: Eunice Lourenço (Renascença)



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