PORQUE FALHA E FALHOU O MODELO DA TROIKA.
Eu escrevi aqui, em Setembro de 2011, aqui uma Nota que tinha como título " A Armadilha do Modelo da Troika " .
Nessa nota explicava porque , no meu entender , o modelo proposto nunca iria dar resultado. Bom, os resultados são conhecidos .
Essencialmente, porque falhou o modelo da Troika .
Primeiro foi a primeira vez que se aplicou este modelo a um páis integrado numa União Monetária e que não poderia utilizar o instrumento que o FMI está habituado da taxa de câmbio. Daí se ter optado , em virtude de não se poder utilizar a desvalorização da moeda para corrigir desequilibrios externos , a chamada desvalorização interna . Ou seja reduzir os custos de produção , essencialmente do trabalho de forma a tornar os produtos mais competitivos no mercado internacional. Porquê ?
Porque o modelo assentava nas exportações ou seja a substituição da procura interna e produção para a procura interna pela procura externa e produção para a procura externa . Por outro lado para se equilibrar a Balança Comercial havia duas vias : uma através de produção interna substituidora de importações , outra através da redução do rendimento disponível dos agentes económicos com efeitos obvios nas importações. Foi esta a via escolhida.
O principal erro começou logo em que a Troika e o Governo não perceberam a estrutura do PIB português. Em 2003 as exportações representavam 28 % do PIB , em 2008 32 % , em 2001 36% e em 2012 39 % ( atenção que este aumento de 2012 não tem tanto a ver com a subida das exportações mas mais com a queda do PIB ). Sendo assim, a Procura Interna representava 72 % em 2003 , 68 % em 2008 , e 61 % em 2012.
O que significa que quase dois terços da economia trabalhava para o mercado interno . E foi exactamente esta componente que foi atacada e destruída pelo modelo da Troika / Governo português num pressuposto totalmente irrealista de que as exportações substituiriam a procura interna em dois ou três anos.
As medidas de austeridade tomadas visaram não só arranjar receitas fiscais para o Estado mas também, aniquilar esta procura interna só que , como era esperado, como as exportações ( até porque era esparado um arrefecimento das economias mundiais ) não substituiram a procura interna, e o mercado interno foi asfixiado, daí as falências e o desemprego que surgiu.
Não digo que o modelo de desenvolvimento da Economia portuguesa não deva assentar nas exportações ( até porque foi o anterior Governo o primeiro a tomar medidas efectivas para isso ) mas é de uma ignorância total supor-se que basta carregar num botão para o modelo se alterar.
Estas alterações levam bastante tempo não se podem fazer em dois , três ou quatro anos. E o resultado está á vista : nem as exportações substituiram a procura e produção para consumo interno como ainda, se destruiu riqueza , destrui-se o tecido produtivo , atingiu-se niveis imaginários de desemprego.
Esta ignorância tem custado o que tem custado e que todos nós sofremos . E não tem solução porque entramos numa espiral de austeridade . Como o modelo não dá resultado, nenhuma meta é atingida logo, mais austeridade . Mas este acréscimo de austeridade leva a que as metas não são atingidas e assim continuamos.
Acho que é mais do que altura de parar com isto . O erro está no modelo e de quem o aplicou que não percebeu que num país em que 70 % da riqueza criada é para o mercado interno não se pode de um momento para o outro aniquilar este sem alternativa.
Os velhos Manuais de Economia explicam isto , mas nem é preciso isso bastava bom senso .... Por: Wolf Grey/Facebook.
Economia pode já ter batido no fundo, fiz FMI
www.jornaldenegocios.pt
No relatório da oitava e nova avaliações, o Fundo Monetário Internacional (FMI) sublinha que os sinais vindos da economia são positivos e que esta pode já ter batido no fundo, iniciando a partir daí a recuperação.
Ourtros Relacionados:
I
“Bons alunos” e “maus alunos”, todos os países que seguiram os “diktats” do governo alemão e da troika e aplicaram políticas de austeridade supostamente para reduzir a dívida, obtiveram o resultado oposto: Irlanda, Itália, Espanha, Grécia e Portugal.
http://www.esquerda.net/
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