D. Manuel Martins, o apelidado Bispo Vermelho, sustenta que os ministros "não dominam os conteúdos da governação e não têm pedagogia na relação com o povo". Em entrevista, ao JN, o bispo emérito diz ainda que "a Igreja não tem prestado atenção a esta transformação do mundo".
Fonte: http://www.jn.pt/multimedia/video.aspx?content_id=2963145
D. Manuel Martins Governo "não está à altura" e a Igreja "está atrasada"
O bispo emérito de Setúbal, D. Manuel Martins, considerou em entrevista ao Jornal de Notícias (JN), que o Governo e os ministros que o compõem "não estão à altura do momento" que o País vive, questionando mesmo como pode “uma pessoa sem experiência nenhuma governar um país”. Em relação à Igreja, D. Manuel Martins entende que “está atrasada” no tempo.
Em entrevista ao JN, bispo emérito de Setúbal, D. Manuel Martins, comentou a actual situação do País, defendendo “os nossos governantes não estão à altura do momento” apesar de reconhecer que “governar é uma [tarefa] muito difícil”.
“Temos que partir deste princípio, até o governo da própria casa é muito difícil. Agora parece-me também, isto com todo o respeito, que os nossos governantes não estão à altura do momento”, afirmou D. Manuel Martins.
“Uma pessoa sem experiência nenhuma como é que vai governar um País?” questionou D. Manuel Martins, reforçando que os actuais responsáveis do Executivo “não dominam os conteúdos da governação e (…) não têm pedagogia governativa, mesmo até na relação com o povo”.
Sobre a posição da Igreja, o bispo sustentou que “está atrasada, não tem prestado atenção a esta transformação do mundo”.
“A igreja tem que ter em atenção as conquistas da ciência e da técnica, bem como as transformações comportamentais que vão acontecendo no Mundo, tem que ter em atenção este domínio da filosofia económica que impera sobre o Mundo como uma religião fanática, a Igreja tem que ver isto com muita atenção e despertar as pessoas para esta realidade”, defendeu.
Artigo: Notícias Ao Minuto
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O sistema predominante no Ocidente “é uma espécie de religião fundamentalista seguida pelos poderosos que passam a vida ajoelhados diante do lucro e do dinheiro, sugados de todas as formas possíveis e imaginárias” a quem “menos pode defender-se” e a quem “cada vez pode menos”, declarou em entrevista à ECCLESIA, que pode ser acompanhada esta quarta-feira na RTP 2 (18h00). A austeridade causada por Portugal estar “num poço sem fundo e nem sequer ter dinheiro para comprar a corda para se salvar”, é uma “imposição sobre os pobres, e agora já sobre os menos pobres”, que “estão a ser sacrificados naquilo que é o mais sagrado”, ou seja, “o direito a uma vida digna”, sublinhou. “Sofro muito com a situação que o nosso pobre povo está a viver e pela certeza de que esta realidade vai continuar por muito tempo”, referiu D. Manuel Martins, acrescentando que “grande parte da população vive no escuro do desespero”. Os portugueses têm “a ilusão de viver num regime democrático”, mas que na realidade está dominado “por mil ditaduras”, como é o caso do “medo do hoje, do amanhã, de perder o trabalho, de não poder resolver este problema e aquele, de deixar a casa”. Para o prelado o governo deve comprometer-se a dar “condições minimamente necessárias” para que “as pessoas possam ter a certeza, tanto quanto é possível, que o pão da sua mesa nunca vai faltar”. Referindo-se à legislação laboral, D. Manuel Martins diz-se “espantado” por ver “como é que ninguém na Igreja denunciou muitas das medidas do Código Laboral que nada têm a ver com os direitos consignados na Constituição”. A Igreja Católica, que devia “apontar outros horizontes”, está a “cumprir só metade da sua missão, que é dar de comer a quem tem fome”, faltando-lhe a tarefa “importante” de “descobrir as causas [da pobreza]”, apontou. Ao mesmo tempo o prelado mostra reservas quanto às paralisações: “Estamos numa situação tão grave que um português minimamente civilizado, consciente e responsável devia renunciar à greve, neste momento, para ver se, todos juntos, e com outras renúncias, somos capazes de pôr o comboio nos trilhos e começar a avançar”. O antigo bispo setubalense considera que os políticos “não deixam de dormir, de comer e de viver descansados e regalados por causa do povo”, e deixa um aviso: “Estamos a pagar-lhes, e bem, para nos servirem. Portanto, cautela”. “Não digo que mudem os políticos mas que mudem as políticas, pedagogias e modos de estar, não só ao nível de quem ocupa as cadeiras do poder mas sobretudo daqueles que estão com ânsia de as ocupar”, aponta, depois de censurar uma “filosofia económica desgraçada” que tem levado a casos de “fome”. O prelado salienta que “Portugal está muito perto do abismo” e que 2012 “fica marcado pelo cataclismo que se abateu sobre a sociedade portuguesa”, que a mantém num clima de “muito desânimo, de muito medo”. D. Manuel Martins sustenta que é preciso “pregar a esperança” de forma “insistente e convicta”, evitando no entanto o “risco” de “estar a alienar as pessoas”. PTE/RJM/OC/Agência Ecclesia |
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