As sarnas de barões todos inchados Eleitos pela plebe lusitana Que agora se encontram instalados Fazendo o que lhes dá na real gana Nos seus poleiros bem engalanados, Mais do que permite a decência humana, Olvidam-se do quanto proclamaram Em campanhas com que nos enganaram!
II
E também as jogadas habilidosas Daqueles tais que foram dilatando Contas bancárias ignominiosas, Do Minho ao Algarve tudo devastando, Guardam para si as coisas valiosas Desprezam quem de fome vai chorando! Gritando levarei, se tiver arte, Esta falta de vergonha a toda a parte!
III
Falem da crise grega todo o ano! E das aflições que à Europa deram; Calem-se aqueles que por engano Votaram no refugo que elegeram! Que a mim mete-me nojo o peito ufano De crápulas que só enriqueceram Com a prática de trafulhice tanta Que andarem à solta só me espanta.
IV
E vós, ninfas do Coura onde eu nado Por quem sempre senti carinho ardente Não me deixeis agora abandonado E concedei engenho à minha mente, De modo a que possa, convosco ao lado, Desmascarar de forma eloquente Aqueles que já têm no seu gene A besta horrível do poder perene!
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