terça-feira, 15 de maio de 2012
Só temos um Planeta Chamado Terra
Em 2030 serão precisos mais de dois planetas para satisfazer necessidades actuais
O planeta está «muito doente» e os seus habitantes continuam a usar mais recursos do que a Terra pode produzir de forma sustentável, registando-se um declínio de 30% nos ecossistemas desde 1970, revela um relatório hoje divulgado.
O aumento da procura de recursos, consequência do crescimento da população, e o elevado consumo exercem «enormes pressões» sobre a biodiversidade e «ameaçam a segurança, saúde e bem-estar» no futuro, conclui.
«Estamos a viver como se tivéssemos um planeta extra à nossa disposição, usamos 50% mais recursos do que a Terra pode produzir de forma sustentável e, se não mudarmos esse rumo, este número vai crescer rapidamente - em 2030 dois planetas não serão suficientes», alerta o director geral da WWF Internacional, Jim Leape, citado em comunicado.
A diferença entre países ricos e pobres é sublinhada. Aqueles com altos rendimentos têm uma pegada ecológica, em média, cinco vezes maior do que os países de baixos rendimentos.
Entre os 10 países com maior pegada ecológica estão os Emirados Árabes Unidos, a Dinamarca, os Estados Unidos, a Bélgica, a Austrália, a Holanda e a Irlanda. Portugal está na 39.ª posição, em 233 países.
A pegada ecológica dos portugueses é de 4,12 hectares por pessoa, o que equivale a 2,32 planetas, se toda a população mundial tivesse um estilo de vida igual aos portugueses.
O Relatório Planeta Vivo, publicado de dois em dois anos, utiliza o Índice Global Planeta Vivo para medir as mudanças na saúde dos ecossistemas do planeta, avaliando 9.000 populações de mais de 2.600 espécies.
Os resultados apontam para quase 30% de queda desde 1970, sendo os trópicos os mais atingidos, com um declínio de 60% em menos de 40 anos.
«Enquanto a biodiversidade revela uma tendência decrescente, a pegada ecológica aumenta, ilustrando bem como a nossa crescente procura pelos recursos naturais se tornou insustentável», salienta a WWF, organização internacional para a conservação da natureza.
O relatório deste ano é lançado a partir da Estação Espacial Internacional, pelo astronauta André Kuipers, especialista que contribui com uma perspectiva do estado do planeta a partir da missão na Agência Espacial Europeia.
«Daqui de cima, posso ver a pegada da humanidade, os incêndios florestais, a poluição do ar e a erosão, desafios que se colocam ao nosso Planeta», disse André Kuipers, citado no comunicado da WWF.
«Este relatório é como um 'check-up' planetário, e os resultados indicam que temos um planeta muito doente», salienta o director do Programa de Conservação da Sociedade Zoológica de Londres, Jonathan Baillie.
O documento lista 16 prioridades que passam pela alteração dos padrões de consumo, a valorização económica do capital natural ou a criação de estruturas legais e políticas para promover a gestão do acesso equitativo à água, alimentos e energia.
O relatório, lançado cinco semanas antes da conferência Rio+20 das Nações Unidas sobre sustentabilidade, aponta também o impacto da urbanização, pois estima-se que, em 2050, duas em cada três pessoas vão viver numa cidade, e evidencia a necessidade de a humanidade desenvolver «novas e melhores formas de gerir» os recursos naturais.
Lusa/SOL
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