sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Zeca Afonso




                         

Era só para te dizer que eles voltaram e a censura veio com eles. Ainda há dias o Jornalista Rosa Mendes da RDP foi silenciado, mas não é o único. Continuam a comer tudo, mas agora ainda muito mais. Já não se contentam com encher a barriga, também enchem o alforge. Todos os conhecem, mas ninguém faz nada.
"-Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta. [.] "

 Ó Zeca se não tivesses partido terias um grande desgosto hoje em dia. O tempo voltou para trás. A censura voltou e continuam a comer tudo. Já dizem por aí que a União Nacional está de volta.

"Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira a falsificação, da violência ao roubo, donde provem que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro. Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País.

A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.

Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar."

Guerra Junqueiro, in 'Pátria (1896)'






1 comentário:

  1. São todos iguais, falam igual, roubam igual e comem da mesma gamela.Deviam ter vergonha de fazerem os portugueses pagar o que os amigos deles andaram a roubar! Mas o mais grave e que se sabe quem são!!! ......e não acontece nada?porque e que a minha mãe esta num lar a pagar 870€, a parte fraldas e medicação, e ate a isenção por doença lhe tiraram? Pago eu e a minha Irma, exames, consultas........com uma reforma de pouco mais de 300€ e mais 140€ por morte do meu Pai, para eles andarem em bons carros.........e sempre aperaltados cheio de seguranças ........não foi para isto que se fez AbRI!!......

    ResponderEliminar