segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

TGV Alemanha China a Rota da seda

DA ALEMANHA À CHINA DE COMBOIO

Portugal, isolado pela geografia, pôs-se de fora das linhas de alta velocidade, celebrando alegremente a miopia. 

CHAMAM-LHE A NOVA ROTA DA SEDA. Em vez de caravanas e perigos de Marco Polo, temos caminhos de ferro. Comboios que transportam, entre outras merca­dorias, carros, equipamento médico e material eletrónico. De Duisburg, na Alemanha, para cidades na China É a linha Xunquim-Xinjiang-Europa. Mas esta Europa é de sentido estrito, é uma Europa alemã, com estação terminal na cidade de Duisburg. "O comboio é duas vezes mais rápido do que o transporte maríti­mo e custa metade do frete aéreo", disse Erich Staaken, o presidente de Duisburg Hafen AG. o porto de Duisburg. Por isto, a ligação transcontinental do porto de Duisburg à China triplicou as partidas semanais(três) desde que começou a operar, no verão de 2011. E diminuiu o preço do transporte de 80 cêntimos para 70 cêntimos por 22 toneladas de
carga por quilómetro. Na recente viagem à Europa, o Presidente chinês Xi Jinping foi a Duisburg, cidade do Ruhr que tem o maior porto interior do mundo e que, pela proximidade ao aeroporto de Dusseldorf, se tornou um dos centros mundiais de comércio e da indústria do aço. A seguir à guerra, a cidade estava quase toda destruída pelos bombardea­mentos e foi penosamente reconstruída. Assistiu ao declínio das indústrias do aço e mineira e perdeu população, proletarizou. As indústrias, como a cidade, foram reconstruídas, e uma nova população de imigrantes, na maioria turcos, dotou Duisburg de mão de obra e de um núme­ro considerável de mesquitas. Uma delas acabaria por ter ligações a um dos ter­roristas do 11 de setembro, Mohammed Atta, da célula de Hamburgo. É uma cidade operária e operosa, uma paisagem urbana árida e desertificada onde se recortam ao crepúsculo as silhu­etas dos altos fornos. Não se distingue de muitas cidades chinesas, urbes dedica­das ao trabalho e às manufaturas, onde os trabalhadores desaparecem como formigas, nas fábricas. Na obsessão pelo trabalho e pela execução mecânica, no desprezo pela criatividade ou o ócio, a China e a Alemanha têm muito em comum. Não espanta que a senhora Merkel tenha ido à China em visita ofici­al com o propósito de trazer uns quantos contratos assinados. E não espanta que a China, nova rica e disposta a importar produtos de luxo ou de qualidade, queira produtos alemães. Ao prosseguir unila­teralmente, à margem da Europa e do mercado europeu, o interesse comercial alemão, de que a construção desta via férrea é o exemplo, a Alemanha mostra o seu modo de fazer negócio. A senhora Merkel acredita que a oportunidade está na Ásia e que as duas maiores potênci­as exportadoras devem unir forças. A Alemanha estará preparada para ser uma Alemanha fora da União Europeia, enquanto a União Europeia gasta o tempo a ameaçar a Alemanha dos males terríveis que sobre o país cairão caso a Europa da zona euro se esboroe lenta­mente. E a China tem todo o interesse em estabelecer plataformas logísticas na Europa ou vias de acesso que lhe tornem menos caros os transportes das expor­tações. O objetivo da linha Duisburg-Xunquim é convencer e recrutar novos clientes alemães que façam as contas e concluam que este é o transporte mais rentável para a Ásia. Quanto maior for a utilização da linha, menor será o custo do transporte.
Um projeto destes parece, à partida, uma loucura. Porque atravessa demasiados países, alguns com situações instáveis, e demasiadas fronteiras. Tranquilamente, a China e a Alemanha foram eliminando obstáculos até estabelecerem o percur­so ideal. Na Europa, onde só existe um tema, a eterna discussão política da crise, ninguém prestou atenção à notícia a que os jornais chineses e asiáticos deram devido destaque. A Alemanha não dis­cute muito a crise nem anuncia as suas proezas comerciais. Discreta e eficaz­mente, trata da vida. Coisa que os países da Europa em dificuldades, sobretudo os da Europa do Sul, têm dificuldade suplementar em fazer, condicionados pela austeridade orçamental. E condicio­nados pela sua falta de visão ou desígnio que não seja o curto prazo. Portugal, ao privilegiar o transporte rodoviário nos anos 80, expandindo-o nas décadas seguintes, cometeu um erro grosseiro. No futuro, o comboio será o meio de transporte mais utilizado. E os comboios rápidos, ou as ligações ultrarrápidas, que já atingem velocidades superiores a 500 km/hora, que a China e o Japão privilegiaram e em que investiram, serão uma infraestrutura essencial. Portugal, isolado pela geografia, pôs-se de fora das linhas de alta velocidade, celebrando ale­gremente a miopia. E sem um aeroporto com pistas onde possam pousar os superaviões do futuro, os Airbuses e Boeings gigantes, pôs-se de fora dos hubs aéreos mundiais, apesar das rotas de África e do Brasil. Vamos pagar isto caro. REVISTA 12-04-2014. /pluma caprichosa/ Publicada por  

http://cadernosdalibania.blogspot.pt/2014/04/da-alemanha-china-de-comboio.html


Pouca terra, pouca terra, pouca terra..... u uuuu...h.



China lança serviço de transporte ferroviário de mercadorias directo entre Yiwu e Londres (12 000 milhas de viagem)




O Tribunal de Contas veio dizer - sete anos depois e sabe Deus porquê agora - que o comboio de alta velocidade era "deseconómico". E o ? Eu também preferia ser alemão em vez de periférico. Só que na Alemanha está sempre mais frio.
JN.PT|DE GLOBAL MEDIA GROUP















1 comentário:

  1. Já uma ocasião vi numa reportagem na altura em que o projecto TGV ia de vento em popa que o que portugal precisava não era TGV's mas sim linhas férreas com bitola europeia para comboios de mercadorias, mas parece que por aqui ainda se acha que o que faz falta é irmos a 500 á hora comprar caramelos.
    Ao autor do blog, que nem para segurar a faca deve usar a mão direita pois como o nome indica é de direita, fica a pergunta, você sente-se bem com a sua consciência, acha mesmo que esta corja que nos governa merece algum comentário favorável, ponha a mão na consciência e deixe de santificar demónios, pois seja de que lado for são todos uma cambada de corruptos que nos estão a matar a nós portugueses.

    ResponderEliminar