Múmia Minha Senil, que ainda não Partiste
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Múmia minha senil, que ainda não partiste
Já tão tarde nessa vida contente,
Que não repouses no palácio eternamente,
Porque enquanto lá estiveres o mundo é triste.
Se lá no assento Presidencial, de onde desceste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele desprezo ardente,
Que de muitos de nós sempre mereceste.
E se vires que te pode merecer
Alguma coisa a dor que nos ficou
Da mágoa, sem remédio, de não te perder,
Escreve mais um livro, que não contou
A contar as patranhas que não vamos ler,
A gozares com a malta que sempre tudo te pagou.
"Se alguém acredita que a apresentação do livro de Cavaco a um mês para acusação ou arquivamento do processo Marquês foi coincidência, que ponha o dedo no ar."
Sempre me surpreendeu a resposta de muito provinciano que, perguntado de onde é, responde, por exemplo, Viseu, quando se trata, afinal, de uma qualquer Alguidares, mera freguesia recôndita do distrito. Como se a aldeia, ou o seu nome, fossem um menos. Espantado, por isso, quando dou por Cavaco a dizer, nas suas Memórias, que nasceu na Fonte de Boliqueime, quando é sabido que foi no Poço de Boliqueime, redenominado, no seu consulado, de Fonte, e, agora, a crer na EN125, apenas Boliqueime. Não admira a recusa do poço por parte de quem, tendo sido Primeiro-Ministro dez anos e Presidente outros tantos, tem a desfaçatez de, fazendo pouco de nós, vir dizer que não é um político. Depois, segue-se a falta de decoro de, passado apenas um ano da saída de Belém, vir revelar as conversas havidas às quintas-feiras, com José Sócrates, com a impunidade de saber que já não faz mal, porque, lei natural da vida, não vai ser mais do que um espectador invejoso do êxito pessoal e político do seu sucessor, a quem mimoseia com indiretas deselegantes, que bem evidenciam toda a raiva que vai por aquela casa. Por: Magalhães e Silva Advogado
Cavaco Silva jamais se prestaria a assumir o papel do agente secreto Gabriel Syme, para arruinar um grupo anarquista. Tudo o
que conseguiu foi um Fernando Lima para forjar uma pérfida intriga contra o então PM, com o pouco estimável ‘jornalista’, José Manuel Fernandes. Foi um guião fracassado para filme rasca.
Cavaco copiou Fernando Lima, que esperou a reforma para o zurzir, a si e à sua prótese, D. Maria. Aguardou várias reformas e 1 ano para revelar os pormenores das audiências, que tinham lugar à quinta-feira, com Sócrates. Tal como o ex-assessor, com raiva tardia, em vez de explicar o caso das escutas, o negócio das ações, dele e da filha, a permuta de terrenos, onde achou a vivenda Gaivota Azul, ou a razão para preencher a ficha na Pide, com erros de ortografia, resolveu escrever 592 páginas, divididas em 52 capítulos e três partes, mais prosa escrita do que a lida pelo alegado autor.
A segunda parte, um ato de vingança e ressentimento, é dedicada apenas às audiências de quinta-feira às quais Sócrates chegava bem preparado, mas quase sempre atrasado – segundo refere a comunicação social –, e é, afinal, a razão do título e da obra.
ACS diz que o livro (18,80 €), pretende ser uma prestação de contas aos portugueses e, segundo se crê, será um ajuste de contas de quem diz não gostar da política espetáculo, refutando o imerecido apodo de palhaço, de Miguel Sousa Tavares, no Expresso.
O ex-notário de Passos Coelho encarou as funções presidenciais inspirado na Sr.ª Lúcia de Jesus, pastorinha de Fátima: é necessário salvar Portugal dos comunistas.
Não é um estadista, é um redator de terceira, com uma azia de primeira, a quem não há bicarbonato que valha. Prevaricador ortográfico e gramatical, faz a catarse da apagada e vil tristeza a que o esquecimento e alívio dos portugueses o remeteu.
E vinga-se, com um rol de merceeiro cuja contabilidade e fiabilidade merecem o mesmo crédito da garantia sobre a solidez do banco BES, dias antes da derrocada das empresas do universo GES/BES, num dos seus raros gestos de gratidão, para desgraça de muitos.
Foi na vivenda de Ricardo Salgado e com a sua bênção, que os casais Cavaco, Barroso e Marcelo, engendraram a sua primeira candidatura a PR, num jantar funesto para o País. Por: Carlos Esperança.
A resposta de José Sócrates.
"Estranho que a súmula apresentada aos portugueses não contenha o que o sr. ex presidente pensou antes da queda do BPN e da necessidade da sua nacionalização para conter o risco sistémico, ou o que o sr. ex presidente pensou quando incentivou os cidadãos a confiar no BES enquanto banco sólido, meses antes dele desabar, ou o que o sr. ex presidente pensou do financiamento do BES para a compra do Pavilhão Atlântico - obra emblemática do nosso país e que foi vendida em saldo - ou o que é que o sr. ex presidente pensou da proibição da acumulação de salários com pensões na função pública - em janeiro de 2011 - ou o que lhe passou pela cabeça quando condecorou algumas das figuras de relevo, ou ainda tantas outras dúvidas abordadas muito ligeiramente pela comunicação social ao longo dos tempos. Não estão no livro? Que pena... São muito bons mexericos também..."
"Se alguém acredita que a apresentação do livro de Cavaco a um mês para acusação ou arquivamento do processo Marquês foi coincidência, que ponha o dedo no ar."
Se alguém acredita que foi libertado a um mês de eleições por coincidência, que ponha o dedo no ar.
Se alguém acredita que os médias conheceram a nova morada de Sócrates por acaso, que ponha o dedo no ar.
Se alguém acredita que a libertação a um sexta feira e a prisão a dia parecido, sempre à hora do jantar e com muitas câmaras de TV em cima é coincidência, que ponha o dedo no ar.
Se alguém acredita que se ponha Marinho e Pinto num canal televisivo à mesma hora é coincidência, que ponha o dedo no ar.
Se alguém acredita que antes, sem provas, havia risco de fuga, e agora, com consolidação de provas, já não há, que ponha o dedo no ar.
Se alguém acredita que o poder judicial é independente da política neste País, que ponha o dedo no ar. Por: Pacheco Pereira.
Se alguém acredita que o adiamento de mais 180 dias tem alguma coisa a ver com as eleições autarquicas que ponha o dedo no ar. Por: Pacheco Pereira.
Cavaco Silva, a Maçonaria e o Opus Dei
A opacidade das despesas do Palácio de Belém, durante o consulado de Cavaco Silva, levou Marcelo a pedir uma auditoria cujos resultados, por decoro, não serão públicos, mas ajudarão a limpidez de quem tem para a função outro perfil e pretende da História um julgamento diferente.
Cavaco é um, provinciano, intriguista, dissimulado, vingativo, capaz de trair o seu mais dedicado ministro, Fernando Nogueira, para beneficiar Dias Loureiro, ou de, apesar da alegada seriedade, manter sepulcral silêncio sobre o suborno na compra dos submarinos, por Paulo Portas, a divulgação das dívidas à Segurança Social, de Passos Coelho, então PM, e no escândalo bancário SLN /BPN onde, depois de amealhar uns patacos em ações não cotadas na Bolsa, ele e a filha, viu os amigos afundarem-se na maior dos opróbrios.
O silêncio ou desinteresse por privatizações ruinosas, nomeadamente Lusoponte, ANA, Telecomunicações e Energia, revelam desatenção do economista ou displicência do PR.
A revelação, de duvidoso crédito, das audiências semanais com o PM é inédita num PR e suspeita por ter um único alvo. Admitindo que não foi a mera vingança de um espírito mesquinho, é forçoso concluir que foi o desejo de arredondar as várias reformas com os direitos de autor que o levou a editar um livro de encomenda que só não o arruína o seu prestígio porque ninguém perde o que não tem.
A patética acusação da intriga das escutas, nascida na sua casa civil, à máquina do PS, como se Fernando Lima fosse assessor de imprensa do PM e José Manuel Fernandes o comissário político do PS no Público, é um exercício de dissimulação e hipocrisia.
Curioso é o espírito pidesco revelado na co-nomeação do PGR, Pinto Monteiro, depois de recusar os dois primeiros que o PM lhe propôs, e cujos nomes omite. Só delata quem odeia. Diz o ex-PR que julgava que era da Maçonaria e que só o nomeou depois de lhe garantirem que não era, como se a eventual pertença fosse ilegal ou legítima a devassa.
Quem escreveu um dia, no Expresso, um artigo laudatório sobre Escrivá de Balaguer, fascista, diretor espiritual do genocida Francisco Franco e futuro santo, é natural que o fascine o indefetível apoiante da ditadura franquista e a sua criação – Opus Dei.
Pelo contrário, a maçonaria, que esteve na origem do liberalismo, da República e no combate à ditadura merece-lhe aversão e a discriminação dos seus membros.
Que diferença ética separa o Marquês de Pombal, D. Pedro IV, o general Gomes Freire de Andrade, António José de Almeida, Bernardino Machado, Magalhães Lima, Raul Rego ou António Arnaut de um ex-salazarista que a democracia reciclou! Por: Carlos Esperança
Curioso é o espírito pidesco revelado na co-nomeação do PGR, Pinto Monteiro, depois de recusar os dois primeiros que o PM lhe propôs, e cujos nomes omite. Só delata quem odeia. Diz o ex-PR que julgava que era da Maçonaria e que só o nomeou depois de lhe garantirem que não era, como se a eventual pertença fosse ilegal ou legítima a devassa.
Quem escreveu um dia, no Expresso, um artigo laudatório sobre Escrivá de Balaguer, fascista, diretor espiritual do genocida Francisco Franco e futuro santo, é natural que o fascine o indefetível apoiante da ditadura franquista e a sua criação – Opus Dei.
Pelo contrário, a maçonaria, que esteve na origem do liberalismo, da República e no combate à ditadura merece-lhe aversão e a discriminação dos seus membros.
Que diferença ética separa o Marquês de Pombal, D. Pedro IV, o general Gomes Freire de Andrade, António José de Almeida, Bernardino Machado, Magalhães Lima, Raul Rego ou António Arnaut de um ex-salazarista que a democracia reciclou! Por: Carlos Esperança
HOMO CAVACUS
Do pouco que já li e do que já ouvi, o livro de Cavaco revela-nos aquilo que já sabíamos em termos sociológicos sobre o personagem. Ele acredita que teve um papel a desempenhar na História de Portugal e que a sua "integridade" e "competência" nos livrou a todos de grandes sarilhos. Mas ele sabe que nós sabemos que isso é uma ficção em que nem o próprio acredita. Aliás, os pecadilhos são mais que muitos. Toda a gente já percebeu que Cavaco gostava de ter sido uma espécie de Irmã Lúcia na Política, virgem e beatificável. Simplesmente, a trajectória da criatura não é compaginável com tal ficção. Porque Cavaco fez toda a vida pela sua vidinha. O homem não era de grande préstimo. Nasceu nas traseiras de uma mercearia-gasolineira do Algarve (que então era bem miserável), numa época em que Portugal não era assim tão diferente das suas "colónias". O paizinho vendia a lata de atum fiada e mais 10 litros de gasolina, mas não passava de um pequeno-comerciante da província. O estafermo comeu o pão que o Pai lhe amassou; e, quando cabulou, aos 13 anos, foi mandado cavar batatas na horta familiar, coisa que lhe causou uma definitiva alergia à "ingricola", o que explica a forma malvada como liquidou o sector quando se alcandorou a "primeiro-ministro". Se fosse hoje, o jovem Aníbal teria sido despachado para o Psicólogo e mandado engolir umas valentes pastilhas de Ritalina. Mas nessa época tão distante e contudo tão próxima, o patriarca alombava umas valentes cacetadas nas costas do filho-vilão e trazia-o "ao bom caminho". E assim o homem se fez à vida. Atirou-se aos estudos. Foi patriota como informador da PIDE. Fez a tropa inteirinha (embora em modo Português Suave). Arranjou uma namorada "certinha" para desfazer a virgindade (e com ela casou) e lá seguiu para Inglaterra quando percebeu que uns "estudos" no estrangeiro eram uma carta de alforria num Portugal pacóvio e miserável. Dessa trajectória não resta um único livro, uma obra capaz, uma única peça meritória de que a gente possa dizer que "o homem era um traste mas tinha pinta intelectual". Alguém se lembra do nome da tese, ou da tesão, do Prof. Cavaco? Ninguém.... Nem decerto a mulher dele. De maneira que Cavaco é apenas um oportunista provinciano, ultra-conservador, que se marimba no país que detesta e se projecta num futuro ambicioso. Com um PSD exangue e dividido, ele sacaneia João Salgueiro e chega ao famoso congresso da Figueira da Foz, no seu medíocre Citroën a que decidiu dar rodagem, para "tomar conta" do País. Tal e qual como Salazar, mas apenas 60 anos mais tarde. E arranjou uns amigos trambiqueiros do piorio. Ele era o "sério", os amigos eram os operacionais. Depois, já se sabe o que se passou. O homem acha-se um génio, mas para mim não passa de uma besta. Ita missa est Por: António Ribeiro.
BILHETE -POSTAL
Ainda sobre o lançamento do livro “Ajuste de Contas” de Cavaco Silva, essa múmia que saiu do sarcófago para vomitar o seu ódio, as suas mentiras sobre José Sócrates e sobre a governação do mesmo enquanto primeiro-ministro, devo dizer e recordar o seguinte sobre este algarvio de má memória.
Não vou falar dos bonos que recebeu enquanto primeiro-ministro, não vou falara das ações do BPN que o seu amigo Oliveira e Costa lhe ofereceu a preço de saldo, não vou falar da sua influência de para que, a uma empresa falida do seu genro lhe fosse concedido um empréstimo a este para a compra do Pavilhão Atlântico, nem tão pouco vou falar daquele tempo da febre da compra de ações, em que muitos, mas muitos pequenos aforradores iludidos na compra daquele papel caíram na ratoeira, quando viu que as proporções já eram alarmantes veio à televisão avisar que os portugueses estavam a comprar gato por lebre, claro, mas já depois dos banqueiros seus amigos terem executado o plano de esbulhar muitos portugueses,
Não é isso que eu quero falar, mas antes, falar de um ser repugnante, que pertenceu à PIDE por muito que o negue, e de sempre defender e condecorar facínoras desta polícia política.
De um fascista, que se tivesse vergonha em vez de escrever O “Ajuste de Contas”, pedia perdão ao portugueses, por ter negado uma pensão ao capitão de Abril Salgueiro Maia, e pelo contrário ter atribuído duas pensões a dois PIDES que estiveram envolvidos no assassinato do General Humberto Delgado no dia 13 de fevereiro de 1965,em Vila del Fresno na província espanhola da Estremadura e muito próximo da vila portuguesa de Mourão numa operação comandada pelo inspetor Rosa Casaco e que segundo se consta foi Casimiro Monteiro o autor do disparo que matou o general .
Só em 1995 António Guterres então primeiro-ministro, concedeu aquele Capitão de Abril Salgueiro Maia uma pensão de sangue na pessoa da viúva deste.
Das inúmeras condecorações enquanto foi Presidente da República em que muitos dos gatunos deste país foram agraciados pelos seus grandes serviços de espoliarem os portugueses.
Este ser execrável foi um dos coveiros o nosso país, é só lembrar aquilo que foi aquando da nossa entrada na CEE e dos dinheiro que daí vieram e que foram mal distribuídos e sem fiscalização alguma, se de facto houvesse justiça em Portugal aos anos que esta cínica múmia estava, não enclausurada num convento ou no sarcófago, mas quiçá vivinho da silva no Forte de Caxias.
Soube engordar ainda mais os poderosos, recebendo rios de dinheiro para as suas campanhas eleitorais para pagar aquele favor,
Na ótica desta miserável múmia, investiu no cimento e no asfalto ~que a direita que sempre o endeusou, o biltre era louvado pela sua governação, mas deixou um elefante de grandes proporções que os portugueses até ao fim dos seus dias terão que suportar, oCentro Cultural de Belém, precisamente onde apresentou a sua obra de trampa
Cavaco Silva a múmia nem para capacho de José Sócrates, por isso é dar de barato a sua obra “Ajuste de Contas”. Por: Joaquim Seixas.
Pode dizer-se que é excessiva a importância dada a um defunto político, que é feio bater em mortos e contraproducente condenar quem não superou o salazarismo endógeno e o rancor acumulado pelo progressivo desprezo dos portugueses.
De facto, Cavaco, não é apenas um inculto conformado, é o rancoroso amargo que não hesita em tomar apontamentos das reuniões confidenciais, não para desmentir quem as apresentasse distorcidas, mas para expor conversas privadas e de Estado, por vingança, e com alta probabilidade de inexatidão, agravadas pelo facto de o alvo estar arguido e à espera de uma acusação cujos sucessivos adiamentos abalam o Estado de Direito.
Quem admoestou o primeiro-ministro, a ser verdade o que disse, referindo-lhe que não estava a falar com os membros do seu governo, mas com o PR, revela o que pensa das relações de um PM com os ministros, e do que era capaz nos seus dez anos de Governo.
Não sendo a urbanidade o seu forte, revela a inferioridade de quem nunca esclareceu as suas relações com a SLN/BPN ou os vários negócios pessoais envoltos numa nuvem de desconfiança. Conta a sua verdade onde quer e é impossível o contraditório factual.
Falta-lhe credibilidade e ética para julgar um ex-ministro, Jaime Silva, ou o magistrado de que foi corresponsável na nomeação para PGR, o juiz-conselheiro Pinto Monteiro.
Mas onde a sua conduta é mais reprovável, e se mostra indigno do cargo que ocupou, é na censura que faz à atual solução governativa, como se o PR pudesse decidir quem são os partidos bons e os maus e as funções lhe permitissem alterar a composição da AR.
Se fosse um democrata, se percebesse a iniquidade da ditadura, que nunca contestou, se tivesse um mínimo de respeito pelos antifascistas e tivesse merecimento para ser PR de todo os portugueses, perceberia que os votos no PCP ou no BE são iguais aos que lhe permitiram ocupar o mais alto cargo na hierarquia do Estado.
Devia ter remorso do prejuízo que causou ao país com a manutenção do Governo PSD / CDS até ao limite possível e do patético desvario de o querer reconduzir à revelia da AR e da Constituição da República.
O pior PR da democracia, que não deixou saudades, faz tudo para que os portugueses, a quem se referiu por ‘eles’, na apresentação do rol de acusações a que chamou ‘livro’, lhe continuem a pedir contas, não pelo que diz, mas pelo que oculta e, sobretudo, pelo que fez. Por: Carlos Esperança.
Cavaco Silva e a decadência ética da direita
Cavaco Silva não é um epifenómeno da degradação ética do regime, é o arquiteto desta direita que capturou o PSD e o CDS, o padrinho que, em Belém, procedeu à retaliação contra o 25 de Abril, com a inteligência de Paulo Portas, a inépcia de Passos Coelho e o ressentimento comum.
A esquerda, em especial a social-democrata, intimidou-se com o bullying da direita, que manteve designações democráticas (PSD e CDS) para melhor se vingar das conquistas populares. Social-democracia, Sempre! – dizia Pedro Passos Coelho, depois de expulso do governo pelo PS, BE, PCP e PEV, e de ter feito o mais implacável ataque ao setor público e as mais ruinosas privatizações. É preciso topete!
Cavaco divulgou um livro de 600 páginas onde 2/3 – diz a imprensa –, são sobre as 118 audiências com um PM caído em desgraça. Há nesse ódio doentio a pusilanimidade de quem forjou o escândalo das escutas, culpando a vítima (PS) e desmentindo o cúmplice (Fernando Lima) que, ressabiado, o denunciou, tendo então ficado em silêncio, tal como quando engendrou a notícia para o Público, onde estava José Manuel Fernandes.
Perante o facto inédito de revelar o conteúdo de audiências oficiais, sem testemunhas ou possibilidade de contraditório, é essencial conhecer o carácter do delator, do narciso que olhava o mar e não via submarinos à tona.
Melhor do que a nebulosa vida privada ou as faltas injustificadas na Universidade Nova, para lecionar na Católica (mais lucrativa), definem-lhe o carácter as decisões políticas:
1 – A reintegração no serviço ativo das F. A. e promoção a CEMGFA do general Soares Carneiro, ex-diretor do Campo de S. Nicolau e candidato derrotado à PR, contra Eanes;
2 – A atribuição de pensões a dois destacados elementos da Pide, por relevantes serviços à Pátria, pensão que recusou ao heroico capitão Salgueiro Maia;
3 – Em 1987, quando mandou votar Portugal ao lado dos EUA, de Reagan, e do RU, de Thatcher, contra uma resolução que exigia, entre outras coisas, a libertação de Mandela. [Resolução da Assembleia Geral n.º 42/23A – “Solidariedade com a Luta de Libertação na África do Sul”. (129 votos a favor, 3 contra e 23 abstenções). Mandela ficaria ainda preso mais três anos dos 27 que passou na prisão.]. Que vergonha para os portugueses!
4 – O seu governo vetou a candidatura de Saramago ao Prémio Literário Europeu, 1992, e agraciou o censor, Sousa Lara, com a Ordem do Infante D. Henrique, reservada a “quem houver prestado serviços relevantes a Portugal, no país e no estrangeiro”, em 18-02-2016, prestes a perder o alvará das condecorações.
5 - No fim do último mandato, em desvario, quis dividir o grupo parlamentar do PS e fez ameaças nocivas ao País, na tentativa de evitar o atual governo, enfurecido contra a AR, que o viabilizou através da maioria dos deputados, democraticamente eleitos.
Urge defender a liberdade e a solidariedade. Cavaco é um inimigo, não pela relevância do sujeito, mas pelas cumplicidades que mantém e pelo desejo de vingança que o move. Por: Carlos Esperança.
Cavaco Silva fez a vida negra aos governos da AD de Pinto Balsemão em 1981 e 1982, um ano antes da assinatura de mais um pacote de ajuda do FMI a Portugal (o primeiro tinha sido em 1978).
Os executivos Balsemão tinham uma maioria no Parlamento mas Cavaco não se importou com isso.
Conspirou, escreveu cartas abertas, fez reuniões secretas no Banco de Portugal, na sua vivenda algarvia Mariani (de Maria e Anibal). Até em traineiras de pesca com sardinhada ao almoço conspirou.
Destruiu mas nunca apresentou alternativas. Na hora da verdade, não apresentava listas nos órgãos nacionais do PSD.
Contribuiu fortemente para a instabilidade política, que levou os governos Balsemão à queda, e nesta medida, é também responsável pela degradação na altura das condições económicas do país e pelo recurso inevitável ao FMI para se evitar a bancarrota.
Em Fevereiro de 1983, com o PSD em fanicos e o país aflito, a três meses de ser resgatado, Cavaco nem se dignou ir ao Congresso laranja de Montechoro. Preferiu ficar no bem-bom da Mariani, a 200 metros da assembleia magna do PSD.
Nem quis participar na campanha para as eleições de 25 de Abril de 1983.
Durante o governo do Bloco Central, entre 1983 e 1985, Cavaco recusou negociar enquanto quadro do Banco de Portugal com as equipas do FMI que estiveram no país.
Quando Mota Pinto lhe pediu para expor, num Conselho Nacional do PSD, a politica económica do governo, primeiro não quis e depois acabou por fazer um discurso muito crítico para a política do governo, que fez tremer o executivo e ameaçou o cumprimento do programa de assistência internacional.
De vez em quando Cavaco dava apoio mitigado à direcção do PSD, fazendo jogo duplo com Mota Pinto e o governo do Bloco Central. Tinha o único objectivo de se manter à tona, à espera do melhor momento para aparecer, após os outros terem feito o trabalho difícil da recuperação do país.
Em 1985 chegou essa hora. Venceu o Congresso da Figueira da Foz e rompeu o acordo do Bloco Central, o que conduziu à realização de eleições antecipadas que já sabia que ia ganhar, esmagando o PS com a ajuda de Ramalho Eanes e do seu novo PRD.
É este homem, hoje Presidente da República, que fala no 25 de Abril na necessidade imperiosa de acabar com a crispação política, gerando consensos e "condições estruturais de governabilidade" para evitar um segundo pacote de resgate e critica quem explora "politicamente a ansiedade e a inquietação dos nossos concidadãos"... Por: Paulo Gaião, Expresso.
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